CAPÍTULO 19

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   Talvez eu esteja um pouco mais empolgado para as aulas de natação a partir da noite de domingo, pois na manhã seguinte (hoje, no caso), pulei da cama absurdamente cedo, fiz um café forte e fiquei jogado no meu sofá, pensando.

   É como se eu ainda conseguisse sentir o contato dos nossos corpos, a sua língua na meu pau, os seus lábios nos meus... Porra!!

   Olho no relógio para ver quanto tempo falta para ir para a escola, mas ainda faltam quase duas horas, então procuro alguma partida de basquete na ESPN e começo a assistir, mesmo que não seja ao vivo.

   Observo cada uma das jogadas com atenção, tentando aprender a melhorar um pouco mais as minhas próprias. Os jogadores são todos absurdamente altos (até para mim), mas com sorte  talvez eu cresça mais alguns centímetros.

   Não tenho constume de comer em casa (vivo de fast food), mas estou com bastante fome, então faço um sanduíche de pasta de amendoim e como sem muita pressa, enquanto espero a hora de me arrumar para ir para a escola.



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   No banho, lavo meu cabelo minuciosamente, não penteando depois disso para não estragar o crespo ou deixá-lo menos enrolado que o normal.

    Depois de um tempo, seco meu corpo todo com a toalha, e visto uma roupa qualquer (cueca Boxer, calça cargo, camisa branca e um par surrado de tênis branco).

    Não vejo a hora de provoca-lo hoje.

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   — Hey sumido!! — encontro Henry assim que coloco os pés dentro da escola. Ele vem na minha direção com a mochila presa em apenas um dos ombros e vestindo a jaqueta do time.

   — Oi, cuzão. — respondo, dando um soco no seu ombro e já começando a andar pelos corredores com ele no meu encalço. Há tantos alunos hoje que acho que o número de pessoas aqui dobrou.

   Desvio com cuidado de cada pessoa no meu caminho, notando alguns olhares demorados, mas finjo que não noto e continuo andando, sem muita vontade para estar de conversinha com qualquer um.

   — tudo bem com você? — Henry pergunta, levantando uma das sobrancelhas para mim.

    — melhor impossível, por que?

    — nada não. Só tô me perguntando para onde foi o senhor do flerte. Já tem gado demais no seu curral?

    — vai se foder, Henry. Eu só não estou no clima. — explico, sem muita paciência para suas provocaçõesinhas bobas.

   — estar fora do time está mexendo mesmo com sua cabeça, mas relaxa, são só mais três semanas. — ele dá batidinhas no meu ombro, me fazendo revirar os olhos. Hoje não é bem o time que está mexendo com minha mente...

   — mas então, como andam as coisas no time?

    — estão indo né. O treinador parece ter percebido que deixar você de fora foi uma péssima ideia, porque a qualidade dos treinos tem caído pra caralho, mas ele é um velho cabeça dura e provavelmente não vai voltar atrás.

    — acha que se eu tentar converce-lo...? — uma centelha de esperança surge no fundo da minha mente, mas Henry a apaga com um balde de água fria logo em seguida:

   — provavelmente não, Mika. Todos os nossos colegas já pediram para ter você de volta o quanto antes, mas ele simplesmente ignora.

    — entendi. — confirmo com a cabeça e abro um sorriso amarelo.




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   Procuro pela cabeleira dourada assim que coloco os pés dentro da sala onde será a aula de geografia, mas não encontro Elliott em lugar nenhum.

   Solto um suspiro de frustração e começo a andar entre as fileiras de cadeiras para encontrar uma vaga para mim. Eu vou ver ele depois da aula, então não tem porque ficar zangado assim.

   Encontro uma cadeira vaga em uma das fileiras do meio, então sento nela de qualquer jeito. Eu sempre gostei de ficar nas extremidades, mas essa aqui vai servir...

   — Hey. — uma voz diz no meu ouvido, quebrando a minha linha de raciocínio e quase me fazendo pular da cadeira de susto. Olho por cima dos ombros e dou de cara com Emma, uma garota com quem fiquei uns tempos atrás.

   — Oi. —  respondo, sem muito ânimo, mas o seu sorriso se alarga mesmo assim. Ela tem cabelos castanhos ondulados absurdamente longos e olhos verdes, mas desconfio que sejam lentes, pois são muito opacos e sem brilho.

   — está livre hoje?

   — Não. — respondo, antes de virar para a frente novamente.

   Já deixei muito claro antes que não queria repetir a dose, mas sempre que me ver ela tenta alguma coisa. O que na verdade é um pouco sufocante e me deixa desconfortável.

    Além disso, foi horrível e desastroso. Ela soltava uns gritos altos e gemidos estranhos. Parecia que eu estava espancando o útero dela ou algo assim (E EU SOU UMA PESSOA ABSURDAMENTE CUIDADOSA QUANDO SE TRATA DISSO!!!).

    Enfim. Horrível.

   O professor chega e cumprimenta a turma, antes de começar a explicar o conteúdo. Ele parece ser bastante legal, e a aula seria até divertida se eu não sentisse uma presença grudenta atrás de mim, tão próxima que conseguia sentir a respiração quente na minha nuca a cada instante, mesmo que eu me inclinasse o máximo sobre a mesa para manter distância.

   — pode me emprestar uma caneta, Mikah? — ela perguntou algum tempo depois, e apesar da maioria das pessoas me chamarem assim, fico um pouco incomodado com ela me chamando assim. O apelido expressa uma proximidade que com certeza não temos.

   Pego uma caneta na minha mochila e passo para ela sem olhar para trás, como se estivesse bastante concentrado na aula, mesmo que o hálito quente ainda esteja batendo na minha nuca, como se ela estivesse quase roçando os lábios nos meu pescoço.

    Quando a aula enfim acaba, pulo da cadeira e pego minha mochila, antes de começar a caminhar para fora da sala na velocidade da luz, sem esperar para pegar minha caneta de volta e sacudindo o corpo num tremor forte, como se quisesse me livrar da sua presença o quanto antes.




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AMOR E ÓDIO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora