CAPÍTULO 07

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   Henry ficou dormindo no meu quarto de hóspedes. Quando tentei acorda-lo para irmos para a escola no dia seguinte, ele apenas murmurou algo incompreensível e continuou dormindo. Mas com o estado em que ele estava ontem, era bem improvável que não conseguisse ir para a escola mesmo.

   Eu também considerei ficar em casa hoje (e durante os próximos 30 dias sem poder treinar com minha equipe), mas depois de dar uma checada no meu celular, percebi que havia recebido um e-mail do treinador, avisando para eu não tentar me esquivar da natação e não faltar em nenhum dia, além das instruções sobre o que era preciso para a aula, já que não estava tão familiarizado com isso.

   Antes de sair, coloco o celular de Henry ao seu lado na cama e mando algumas mensagens dizendo que ele pode pegar algumas roupas minhas; que tem comida na geladeira (nada muito saudável, mas serve de alguma coisa) e escovas de dente novas no banheiro.

   Depois disso, fui para a escola sem muito ânimo, sem consegui parar de pensar nos meus malditos treinos de basquete suspensos. E quando estava no corredor, dei de cara com o filho da puta que me fez ser suspenso. Ele também foi suspenso, apesar de por apenas 15 dias (o que me deixou um pouco mais satisfeito foi o olho roxo e o lábio cortado).

    Lancei-lhe um sorrisinho sarcástico fui em direção ao meu armário, apesar da minha vontade ter sido ir lá e quebrar o resto da cara daquele desgraçado.

    A primeira aula foi de inglês, o professor era bem bacana, na verdade, mas achei um pouquinho irritante a sua forçação de barra para ter uma linguagem jovem, embora as gírias já fossem um pouco ultrapassadas.

   As últimas três aulas passaram surpreendentemente de forma rápida. Talvez eu tenha flertado com algumas meninas, conversando com alguns amigos e tirado um tempinho especial do intervalo para bloquear e falar algumas coisinhas para a tal de Hannah que não parava de mandar mensagem no meu Instagram.



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   Depois da aula, fico tentado a ir embora e ligar o foda-se, mas o treinador não é do tipo que blefa, então é melhor não testar sua paciência. Será que se eu explicasse toda a situação e o porque de ser impossível para mim fazer essa aula, ele cederia?? Me colocaria no time de futebol, ou sei lá, nas corridas??

   Por fim, resolvo ir me explicar para o tal líder da equipe de natação. Ele pode intervir ao meu favor e explicar para o diretor.

    Os alunos que não participam de nenhuma atividade pós-aula (a maioria) vão embora às três da tarde. Observo em silêncio a multidão de adolescentes inundar os corredores e caminharem em direção a saída, me deixando com vontade de fazer exatamente o mesmo.

   Tentando não soltar um gemido de desgosto e uma série de palavrões, sigo pelo corredor contrário ao que leva até a saída. Indo em direção a parte da escola em que ficam a porra das piscinas.

    Pra falar a verdade eu não costumo andar por esses corredores com frequência, então tenho que parar algumas vezes e checar se não estou indo para o lugar errado.

   A medida que os minutos se passam, avistar outras pessoas vai ficando cada vez mais raro, e quando por fim chego no vestiário, não há absolutamente ninguém mais aqui na escola. O silêncio é quase algo físico aqui, tão impregnado na aura do lugar que me causa um certo desconforto.

    O vestiário daqui é um pouco semelhante com o da quadra de basquete, só que um pouco menor. Há dezenas de armários na parede direita, bancos longos que vão de um lado ao outro da sala e as cabines. Cinco delas são fechadas (essas tem apenas vasos sanitários), e as outras cinco são abertas, sem portas e com apenas uma divisória pequena entre cada uma, de modo com que seja possível ver do peito para cima do parceiro ao lado, e até um pouco mais se você der uma espiadinha por cima da divisória. Nessas há apenas chuveiros.

   Tiro os sapatos rapidamente e os coloco sobre o banco. As roupas vem logo em seguida. Não sou bom em dobrar, então só as coloco ao lado dos sapatos emboladas de qualquer jeito mesmo.

    Substituindo a cueca por uma sunga verde, solto um suspiro longo de frustração. Odeio sungas. Elas marcam demais, além de serem cintura baixa, o que deixa a mostra onde começa os meus pêlos escuros e aquela listra que sobre até o meu umbigo (se bem que é quase imperceptível contra minha pele negra).

    Checo o meu celular uma última vez, então começo a andar até para fora, em direção as piscinas.

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   A primeira coisa que noto assim que chego na borda da piscina enorme é a silhueta pálida que atravessa de um lado ao outro numa velocidade sobrehumana. Ele chega na borda oposta a que estou e faz aquele negócio estranho que os competidores das olimpíadas fazem (dar uma espécie de mortal, apoiando os pés na parede e pegando impulso).

    Observo-o atravessar a piscina e vir na minha direção em no máximo uns 12 segundos, o que me deixa de boca aberta. Cacete. Agora sei porque o treinador me colocou nas mãos desse cara. Ele claramente é o melhor.

   Ele chega até mim e apoia as mãos na borda a milímetros dos meus pés, antes de colocar a cabeça para fora e me encarar. Meu olhar recai sobre as mechas loiras (um pouco mais escuras por causa da água), e logo em seguida nos olhos azuis claros, cujo o tom só pertence a uma pessoa.

    — VOCÊ?!—  exclamo, incrédulo, olhando para Elliott.




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AMOR E ÓDIO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora