AMOR E ÓDIO [COMPLETO]

CAPÍTULO 06

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   — Sei sim, só o álcool não causa tanto efeito assim. — Levo na defensiva, antes de tomar um belo gole. O doce e levemente azedado sabor das frutas encobrem que há algo mais na bebida além do álcool. Eu não provei drogas o suficiente para saber disso, mas conheço o dono da festa para saber que ele não iria servir um ponche que é... Só um ponche.

   — Ah. — ele murmura, dando de ombros e também bebendo a sua bebida. O dele é azul.

   — mas então. O que o Mauricinho faz por aqui? Todos os bailes de gala já estavam cheios? — provoco. Ele está vestindo calça e um moletom com capuz cinza claro. Elliott também é bem alto, mas não tanto quanto eu. Eu diria que ele tem uns 1,84. Por aí.

   — papai me obrigou a conviver com os plebeus por um tempo depois que arranhei sem querer o Bugatti La voiture que ganhei verão passado. — ele entra no joguinho, incorporando o papel. O cabelo loiro fica mais para branco do que para dourado sob a luz artificial.

   — sabia que era isso. Mas não era mais fácil comprar outro? São só uns... 11 milhões de euros. — tomo outro gole grande. O copo já está na metade e a sensação de estar mais leve que o normal já começou. Pelo visto o que quer que tenham colocado nessa bebida deve agir muito rápido. Agora entendo porque Henry tava daquele jeito.

    — papai acha que devo ficar com ele pelo menos por mais uma semana até comprar um novo. Só assim para eu aprender. — diz, antes de soltar uma risada baixa e rouca, claramente bêbado já, só assim para que possamos ficar no mesmo cômodo sem insultos graves e xingamentos.

   Viro o resto da bebida em dois únicos goles, antes de tornar a encher o copo e começar a caminhar entre as pessoas para encontrar Henry, isso se ele já não estiver enfiado em um quarto com alguma menina.

    Encontro-o dançando com uma garota loira no ritmo de um rap rápido, sarrando nela de um jeito engraçado. Ele me avista e solta uma gargalhada alta.

   — MIKAH!! DANÇA COM A GENTE! — uma garota ruiva diz, acho que é a mesma do corredor do primeiro dia. Tomo todo o conteúdo do copo novamente e vou para o meio da sala, já começando a mexer o quadril no ritmo da música.

   Uma garota vem até mim e cola seu corpo no meu. A minha cabeça já começa a latejar um pouco, mas eu estou mais leve que uma pena, com vontade de rir sem parar e tomar mais dessa coisa.

   Danço com umas cinco garotas, sozinho, e em certo ponto até agarro Henry pela cintura e rebolo com ele, arrancando risadas de algumas pessoas. Sinto o peso de um olhar nas minhas costas, o que me faz olhar por cima do ombro e avistar Elliott encostado na parede, nos encarando com os olhos um pouco franzidos e outro copo cheio na mão. Há um cara alto sussurrando alguma coisa no seu ouvido, mas sua total atenção está em nós.

    Abro um sorriso de escárnio e continuo dançando, sentindo um pouco de suor escorrer pelo meu rosto.

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   Acho que já passa das doze quando enfim resolvemos ir embora. Henry está ainda pior (se é que isso é possível), então pego um dos seus braços e o jogo por cima do meu pescoço para ajudá-lo a caminhar para fora.

    Metade das pessoas já foi embora, e alguns estão dormindo no chão nos sofás. Há tantos copos espalhados no chão que daria de encher um caminhão.

   — Mika... Posso dormir na sua casa hoje? — Henry pergunta, colocando todo o seu peso em mim. Ele está num estado entre a consciência e inconsciência.

   — claro. Só não vomite no meu carpete. E eu não vou dá banho em você. — digo, arrancando uma gargalhada dele.

   Coloco-o no banco de trás e fecho a porta. Capto um vulto dourado com o canto dos olhos e dou de cara com Elliott andando pela rua, em direção a enorme mansão que fica a uns cinquenta metros, do outro lado da rua.

   Olhar para a casa enorme me faz soltar uma risada involuntária. Ele olha para mim rapidamente por cima do ombros, franze as sombrancelhas e mostra o dedo médio para mim.

   Devolvo o gesto com as duas mãos, antes de dar a volta no carro e entrar, pronto para ir para casa e cair na minha camazinha macia.

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