CAPÍTULO 40

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    Elliott provavelmente notou que eu estou um pouco desconfortável com essa viagem, principalmente quando eu o tranco a porta e me livro do moleton, assim que entramos no meu antigo quarto, que está exatamente como eu deixei.

     Nunca fui muito de ler, então só tenho alguns mangás empilhados de qualquer jeito na minha estante, onde o espaço livre é repleto de troféus de quando eu era pequeno. A maioria é de segundo e terceiro lugar, pois eu não era muito bom ainda, mas há alguns de primeiro lugar também.

     A decoração do meu quarto quebra totalmente o padrão do duplex. A maioria das coisas aqui é alaranjada e com bolinhas de basquete desenhadas, até a colcha da cama.

     — Isso aqui é sua cara. — Meu namorado diz, sorrindo para mim. Eu apenas reviro os olhos, abrindo um sorrisinho também. Lembro de quando obriguei o meu pai a comprar tudo novo para o meu quarto, porque o meu mais novo vício era o basquete (e é até hoje).

      — Vamos dormir, bobão. Eu tô um pouco cansado. — Digo, embora não seja 100% verdade. Eu quero dormir, mas não porque estou cansado.

      Elliott começa a tirar a roupa e pula na minha cama, que não é tão grande quando a que tenho no meu próprio apartamento, mas cabe de forma tranquila nós dois. E como costumamos dormir coladinhos, até uma cama de solteiro daria para a gente sem problemas, apesar de sermos marmanjos gigantes.

     Eu tiro os meus sapatos e a calça, antes de desligar a luz e me jogar ao seu lado na cama. O abajur em cima da cabeceira da cama é conectado na rede elétrica da casa, e liga automaticamente assim que as lâmpadas são desligadas, deixando a gente num escurinho gostoso, mas não numa escuridão total.

      Eu abraço o meu namorado por trás, enquanto ele puxa as cobertas alaranjadas e fofinhas para cobrir os nossos corpos. Envolvo a sua cintura com as duas mãos e encaixo a sua bunda na minha virilha. Até trouxe umas camisinhas, mas não estou no clima para isso e prefiro ficar de conchinha com meu namorado essa noite.

     — Boa noite, chocolate. — Ele murmura, acariciando o meu braço que está ao redor da sua cintura de forma carinhosa e distraída.

     — Boa noite, leite azedo. — Sussurro de volta, fechando os olhos e aspirando o seu cheiro bom.




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     — Hey. — Uma voz distante diz, enquanto alguém acaricia o meu cabelo. O cheiro dele é o suficiente para que eu não acorde sobressaltado, porque ele é inconfundível.

     — Oi. — Abro os olhos com cuidado, encontrando o rosto do meu namorado a centímetros do meu. Pelo seu hálito mentolado, o safado já levantou e foi escovar os dentes, e como não fiz o mesmo, evito falar ou respirar pela boca.

      — Feliz aniversário, chocolate. — Ele diz, rindo baixinho e envolvendo-me com seus braços num abraço apertado. Eu envolvo a sua cintura também e nós rolamos de maneira meio desajeitada pela cama, quase caindo de cara no chão.

      Nós ficamos agarradinhos por alguns minutos, então eu faço umas mímicas esquisitas para explicar pra ele que precisa escovar os dentes e não posso falar agora, então corro para o banheiro vestindo apenas uma cueca Boxer.

     Escovo os dentes na velocidade da luz, porque preciso beijar o meu namorado o quanto antes. Enxaguo a minha boca com um pouco de enxaguante também e lavo o meu rosto, apenas para me livrar dessa sonolência toda.

      Quando volto para o quarto em passos rápidos, encontro meu namorado sentado na cama, vestindo uma camisa minha sobre a cueca e segurando uma caixinha pequena nas mãos. Ele cora um pouco ao me ver, desviando o olhar e mordendo Levemente o lábio.

      — E-eu comprei isso pra você. — ele gagueja, fazendo o mau coração bater de forma descompassada. Tão fofinho...

      Vou até onde o meu namorado está e me ajoelho entre as suas pernas, descansando os meus braços nas suas coxas branquinhas e torneadas. Observo em silêncio ele abrir a caixinha e mostrar um cordão fino e delicado, com uma bola de basquete do tamanho da unha do meu mindinho no pingente. Eu pego a bolinha com a ponta dos meus dedos e a viro, encontrando um "E" e um "M" entrelaçados na parte de trás.

      Um sorriso bobo se forma nos meus lábios, e Elliott cora tanto que os seus ombros também ficam vermelhos, assim como as orelhas e a ponta do nariz.

      — Eu adorei. Obrigado — Digo, olhando para cima e fazendo-o ver a verdade nos meus olhos. Entrego o cordão de volta para ele e peço para que ele coloque em mim, porque com certeza não vou tirar isso nunca daqui pra frente.

      Elliott coloca o cordão em mim e acaricia a minha bochecha, antes de me puxar para cima. Eu subo em cima dele na velocidade da luz, deitando-o na cama e colando nossos corpos. Não penso duas vezes antes de beija-lo, com carinho dessa vez, mostrando em cada movimento o quanto eu sou apaixonado por ele.

      Estou quase tirando a sua camisa quando uma batida na porta nos interrompe.

      — Garotos. Não se já perceberam, mas são quase 12:30 da tarde. Desçam para comer, o almoço já está pronto. — Meu pai avisa, e a mera menção da comida faz a minha barriga dá sinal de vida, porque a última vez que comemos foi antes de embarcamos no avião.

      — Vamos lá, chocolate. — Elliott diz, com um sorriso fofo no canto dos seus lábios. Eu o beijo uma última vez, antes de sair de cima dele para que possamos trocar de roupa (ou melhor, colocar algumas roupas).




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     Há uma mesa repleta de comida na sala de estar, mas a figura em pé ao lado dela me faz grunhir em desgosto. O tempo maravilhoso com meu namorado lá no quarto me fez esquecer que essa filha da puta ainda mora aqui.

     — Feliz aniversário, filhão. Vou dá o seu presente só no fim do dia, porque vamos sair hoje a tarde. — Meu pai diz, vindo me abraçar. Eu devolvo o abraço. É bom ficar próximo dele novamente, apesar de tudo.

     — Vem, Elliott. — Eu puxo uma cadeira para o meu namorado, ao lado da minha. Ele senta meio sem jeito e encara a grande quantidade de comida na nossa frente, que provavelmente vem de algum restaurante, porque ninguém aqui sabe cozinhar.

     Quando vejo que ele ainda está com vergonha, começo a colocar um bocado de coisas no seu prato, lembrando de tudo que sei que ele gosta.

     Coloco um monte de coisas no meu prato também, sentando ao lado do meu namorado e já começando a comer.

     — Mikah! Comprei um presentinho pra você. — Jordana surge na sala com uma caixa verde escura nas mãos e um daqueles sorrisos repugnantes no rosto. Ela coloca a caixa em cima da mesa, então eu encaro-a como se tivesse uma bomba alí dentro, o que não seria surpresa, na verdade.

     — Não toque em mim. — Aviso quando ela se aproxima pra me abraçar, mas a desgraçada me ignora totalmente e coloca as mãos asquerosas no meu braço.

      — NÃO TOCA EM MIM CARALHO!! — Rosno, levantando sobressaltado e quase caindo no colo de Elliott. A cadeira pesada em que eu estava sentado cai para trás, e o pé enrosca no tecido rendado que cobre a mesa, fazendo metade da comida voar para o chão também.

      — Mikah!! O que diabo você tem contra a minha esposa?! Ela comprou um presente pra você e sempre é super legal!! Vê se cresce! — O meu pai grita, alternando o olhar entre o estrago no chão e eu.

     Ignoro isso e resolvo não responder, antes de começar a andar em direção as escadas, puxando Elliott pela mão. Minha fome acabou no momento em que aquela nojenta entrou na sala mesmo.



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AMOR E ÓDIO (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora