CAPÍTULO 10

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    Sem muito ânimo, apareço no vestiário da equipe de natação depois da aula no dia seguinte. Henry apareceu umas 10:00 horas da noite com dois engradados de cerveja, então fomos assistir e um filme e conversar. Quando ele foi embora, já passava da 1:00 da manhã, e por isso fiquei sonolento nas primeiras aulas.

   O silêncio recai sobre mim assim que coloco os pés nessa parte da escola, assim como aconteceu ontem. Troco-me apressadamente e caminho para fora do vestiário, vestindo uma sunga vermelha dessa vez.

   Encontro-o indo e voltando de uma borda a outra da piscina sem parar nem uma vez, na velocidade de um foguete. O salão é grande e bem iluminado, principalmente porque a luz reflete na água azul e causa um efeito bem maneiro no teto e nas paredes.

   — Oi. — digo, sem me preocupar em esconder o mal humor. Cruzo os braços e o observo sentar na borda da piscina, vestindo uma sunga preta.

   — Oi. O outro lado da piscina é mais raso. — fala, pulando novamente na água e indo para o outro lado sem ao menos esperar minha resposta. Reviro os olhos e dou a volta na piscina, levando o triplo de tempo que ele levou para ir nadando.

   Não havia percebido antes, mas nessa parte há uma série de degraus até quase o fundo, com um corrimão de ferro do lado. Essa piscina aqui não é própria para as competições, e sim a que fica do outro lado, que é retangular, mais longa e com aquelas linhas amarelas flutuantes dividindo a área em que cada competidor deve ficar.

   — vamos. Entre. — diz, flutuando dois metros de distância de onde os degraus terminam. Olhando daqui, dá para perceber que é muuuuuito fundo depois do limite deles, mas agarro no corrimão e desço três degraus, sentindo a água morna envolver minhas pernas até um pouco acima dos joelhos.

   — acho que está bom, aqui. — murmuro, encarando a profundidade a piscina a poucos metros de distância, onde os degraus acabam bruscamente.

   — acho que não tem como aprender a nadar com uns 50 centímetros de profundidade. — ele zomba.

   — sabe, acho que você quer tanto que eu vá aí porque tá planejando me matar afogado. — coço a sobrancelha com o dedo do meio, abrindo um sorriso debochado, mas mesmo assim desço mais quatro degraus, com a água batendo no meu umbigo agora.

   — hahaha. Como se eu me importasse o suficiente para me dar o trabalho de tentar matar você. — Elliott bate na água e faz algumas gotas voarem até mim. — nessa profundidade já está bom para começar, agora tira a mão daí e flutue.

   — Certo, chefe. — meu sorriso cresce enquanto bato continência e faço uma ceninha bastante idiota.

   Retiro a mão do corrimão e deito com cuidado para trás, tirando os pés do chão e tentando deixar o meu corpo estabilizado, com a cabeça para fora da água.

   — ótimo. Pelo menos boiar você consegue, né. — ele solta uma risadinha sarcástica e tira o cabelo molhado dos olhos, me fazendo querer ir até lá e dar um soco nele.

   — cala boca aí, leite azedo. — resmungo, dando um impulso desajeitado para frente só para provar que consigo, tentando ignorar o fato de que acabei de passar do limite das escadas. Mantenho minha respiração controlada e não faço nenhum movimento brusco que possa tirar minha estabilidade.

   — cala a boca você, chocolate amargo. — rebate, jogando mais água em mim. Só não revido porque estou usando os braços abertos como apoio.

   — é o um dos melhores chocolates, sabia? — abro um sorriso cínico.

   — Nah. Odeio doces. — Elliott contorce um pouco o rosto numa careta engraçada.  — enfim, agora tenta boiar de barriga para cima.

   — Hum. Acho melhor não.

   — qual é. Estou a um segundo de você, não vou deixar você se afogar ou alguma coisa assim, se bem que vontade é o que não falta. — argumenta, ficando de barriga para cima e abrindo os braços para ficar estável.

   — okay. Okay. — cedo, tentando imitar os seus movimentos e fazer minhas pernas (que estão afundadas) subirem para a superfície.

    Depois de algumas tentativas, finalmente consigo ficar reto horizontalmente, o que é um pouco engraçado, já que meu volume nada discreto fica para fora d'água na sunga vermelha.

   Eu já disse que odeio sungas?

   — bom. Isso é o básico, pelo menos.  — Ele retruca, desviando o olhar apressadamente.

   Fecho os olhos por alguns instantes. Confesso sensação de ter a água quente envolvendo meu corpo é boa, mas não é algo que eu iria querer fazer todos os dias, ter como esporte.

   — por que você gosta tanto disso? é tão... Chato. — pergunto, algum tempo depois.

   — Por que você gosta tanto de basquete? É tão... chato. — Elliott pergunta, me fazendo arregalar os olhos e tentar encontrar uma resposta.

— hum... Você me pegou. — faço uma careta e tento sair do lugar batendo os braços e as pernas, o que não adianta muita coisa.

   — Nadar é a coisa que eu mais gosto de fazer. — ele solta um suspiro, como se sentisse surpreso por estar me contando isso. — gosto da sensação de estar na água, competir, vencer, de estar no controle dos meus movimentos e usar isso ao meu favor. Eu com certeza não trocaria isso por nada.

   — entendo. — murmuro, o que é verdade. Agora sei que o que ele sente pela natação é o mesmo que sinto pelo basquete, e talvez agora eu esteja me sentindo um idiota por ter chamado o seu esporte de chato.




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AMOR E ÓDIO (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora