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BRUNO HUGNES.
Saímos do mercado em silêncio. Deixei Nicole e as compras no estacionamento e depois voltei para a casa para pegar a caminhonete porque, é claro, toda agitação da manhã me fez esquecer de trazer conosco. Então dirigi todo o caminho de volta, tentando pela minha vida
descobrir por que eu beijei seu pescoço.
Por um ano, desde que comecei a ter pensamentos inadequados em relação a ela, consegui manter isso sob controle. Desejar ela ia contra tudo que eu considerava adequado, uma complicação que não precisava. Mas sua extravagância, sua tagarelice, sua falta de filtro ou pudor, sua risada, seu cheiro, seu sorriso. Seu talento para a moda e cozinha, a maneira como seus olhos brilham quando está animada. Tudo isso em conjunto eram o
tipo de droga mais perigosa do mundo, e eu temia que já estivesse caindo na
ladeira escorregadia do vício.Peguei as compras e esperei até que Nicole estivesse acomodada no banco do passageiro. Durante o início do curto caminho de volta, ela está olhando para mim. Eu posso sentir seu olhar traçando as linhas do meu rosto com tanta força que ela poderia estar passando um dedo sobre elas.
— Obrigada realmente. Por fazer o que você fez antes. Hoje. Apenas tudo
isso. —A palma da mão pressiona o centro do peito. — Estou sobrecarregada ainda.Eu olho para ela rapidamente e meu coração se torceu em um nó doloroso. Até um tempo atrás ela era uma menina atrevida e cheia de palavras, e agora se transformou em alguém com um brilho falso. Agora pouco mesmo, houve uma rachadura na superfície lisa que ela manifestou para si mesma. E eu reconheci o inferno fora desse sentimento. Do olhar de pânico. Eu o vejo no espelho, olhando para mim de vez em quando quando tenho pesadelos.
— Foi a primeira vez?— Eu pergunto.
Ela solta um longo suspiro, e consigo notar o peso que essas palavras carregam.
— De me paralisar na realidade, sim. Normalmente, só acontece em pesadelos. — Ela hesita, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Mas eu vou tentar controlar.
Meu peito esmagou como gelo sob um caminhão em alta velocidade. Levou cada grama de esforço para engolir o nó na minha garganta.
— Não tente fazer isso. Não coloque esse peso sobre você. O controle sobre isso não vem assim. Sei que é natural você sentir que precisa segurar as rédeas disso, mas é algo que você não tem culpa que esteja acontecendo, e por isso também não pode parar tão facilmente.
Nicole me olha, surpresa, como se não estivesse esperando ouvir aquelas palavras. Posso ver o embaraço em seu olhar, mas também uma ponta de curiosidade.
— Mas você não precisa carregar isso sozinha. — Sinto minha própria voz mais baixa— Eu estou aqui para ajudar você. Vamos conseguir juntos. Seja qual for a tempestade, estaremos nisso juntos.
Por um momento, nenhum de nós diz nada, apenas sentamos ali, absorvendo o peso do que foi dito. Acredito que ela entende o que estou tentando oferecer, um espaço seguro para cair.
Depois de alguns segundos, Nicole quebra o silêncio.
— Você...já teve uma crise de pânico?Meus dedos apertam o volante e me forço a manter os olhos na estrada enquanto o peso da pergunta se instala entre nós.
— Todos temos nossos momentos de escuridão, Nicole — respondo, meu tom mais baixo do que eu pretendia.
A verdade é algo com o qual ainda luto, algo que prefiro manter escondido.
Ela me observa em silêncio antes de arriscar outra pergunta, cautelosa.
— Foi depois dos Seals? — Ela hesita, mas continua. — Lembro que Deive teve dificuldades para dormir por anos.
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O Abismo dos Desejos Proibidos
RomanceBruno Hughes é gostoso, elegante, engraçado, e tem um olhar que pode derreter aço. E Nicole Schiller tem uma queda pelo melhor amigo de seu irmão desde que se lembra. No aniversário de dezesseis anos dela ele faz uma promessa, e ela espera pacientem...