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E o capítulo tão esperado veio aí...

Quero saber o que acharam, então me contem....

E agora, como será o próximo encontro delas?

Comentem o que acham! Até o próximo, lembrem-se em 40 eu volto.
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Alguns segundos depois vejo a porta se abrir novamente.

A: amor? O que foi? (Eu apenas corro até ele e o abraço forte, eu precisava dele, precisava do seu toque pra me sentir em casa, tudo isso é doído demais) calma minha vida, eu tô aqui! Você está segura, eu não vou a lugar algum! (Ele toca meu rosto e me faz o olhar)
Ca: promete? (Pergunto com a voz embargada)
A: prometo! Pra sempre! Não esquece que eu te amo!
Ca: eu te amo tanto! (Eu tomo seus lábios e o beijo com carinho, precisava me lembrar que ele é a minha realidade, que os beijos dele são a melhor coisa que já provei na vida e que nenhum outro toque ou beijo me farão deixar de querer e amar tudo que ele me faz)
A: ta melhor?
Ca: sim, você me acalma! (Sorrio e ele retribui o sorriso)
A: eu estarei bem aqui fora, se precisar é só chamar que eu venho correndo, tá?
Ca: tá! Lindo! (Dou um selinho nele e a porta se abre novamente) até já! (Me despeço)
A: até já amor, até breve doutora Val!
V: até Arthur! (Ele sai e tanto eu quanto a Val nos sentamos novamente) você ja se sente bem pra continuarmos?
C: sim

V: ótimo, você quer continuar de onde parou? (assinto) fique a vontade então.
Ca: eu me sentia muito fraca, o tempo todo, não entendia o porquê, comecei a notar mudanças em mim, a violência com que ele me tratava estava afetando minha saúde, acredito, meus peitos doíam muito, eu tive fortes cólicas também, enjôos e pensei que tudo isso era por tudo que eu tava sofrendo, lembro que um dia eu acordei e corri pro banheiro, vomitei todo meu café da manhã, não, peraí, não foi bem isso que aconteceu, calma, estou confusa (eu realmente estava confusa, eu mal almoçava quem dirá tomar café da manhã, eu também não tinha um banheiro, de onde estava vindo aquilo) eu não tinha um banheiro no quarto do local, como... Como eu lembro de vomitar em um banheiro no meu quarto? (Olho espantada pra Val)
V: você lembrava dessa gravidez? E desse aborto?
Ca: acho que sim, eu lembro do dia que descobri, de como fiquei assustada e com medo! Lembro que fiquei apavorada por dias sem saber como contar, pro Arthur! Não! Essa foi da outra gravidez (falo meio sem pensar, na verdade sem perceber o que tinha acabado de falar) dessa eu sabia, só acho que não queria lembrar, mais uma vez eu perdi um filho, mais uma vez aquele merda tirou meu bebê de mim (sigo chorando e aos poucos vou assimilando o que sai da minha boca)

V: Carla, você está confundindo as duas vezes que ficou grávida. Percebe? Você está misturando as lembranças, as lembranças estão ai, querida. Você quer continuar? Quer falar sobre o que sentiu quando perdeu esse bebê? No aborto.
Ca: eu senti uma dor horrível, algo que eu nem consigo explicar direito, além da dor física, porque foi horrível perder o bebê fisicamente, ao mesmo tempo eu senti um alívio muito grande por saber que aquele idiota não estaria ligado a mim pro resto da vida, mas ele era meu filho e perder ele foi tão doloroso quanto perder a minha Clarice!
V: você lembra de como foi perder a Clarice?
Ca: foi... Eu lembro que eu senti meu peito ficar duro, depois tive febre e meu leite começou a secar, nisso eu só conseguia pensar na minha bebê gritando de fome e eu não pudendo alimentar ela, isso me gerou uma angústia enorme, meu peito doía, mas meu coração parecia sangrar, comecei a me sentir vazia, sem esperança, parecia que eu estava em um pesadelo.
V: você não podia alimentar ela porque tinha sido sequestrada certo?
Ca: isso
V: e você lembra quantos meses sua bebê tinha quando isso aconteceu?
Ca: hum... Acho que cinco, na verdade ela estava pra completar cinco. Tinha só quatro meses.
V: e como foram os 4 meses que você passou com ela antes de tudo acontecer?
Ca: foram os melhores meses da minha vida (sorrio, um sorriso largo, ou como dizem cheio de dentes) desde o dia que eu descobri que tava grávida dela tudo parecia um sonho, eu contei pro Arthur e vi ele se transformar aos poucos no homem mais incrível do mundo, a forma apaixonada como ele falava sobre nossa filha fez tudo ficar ainda mais lindo, o dia de seu nascimento foi perfeito, eu senti dor, óbvio, mas a felicidade de ter ela ali, tão pequena em meus braços pela primeira vez era maior que qualquer coisa.
Aprendi muita coisa com ela e meu momento favorito era quando eu sentava pra amamentar, os olhos dela conectados com os meus, a mãozinha fazendo carinho em mim, ela era perfeita.
V: Carlinha, você lembra da sua filha (ela sorri pra mim)
Ca: eu lembro da minha filha (me dou conta do que acabou de acontecer) eu lembro da minha Clarice! Meu Deus! (começo a rir e chorar ao mesmo tempo) mas como? Como foi isso?
V: bom, eu acredito que a experiência de uma nova gravidez e o aborto naquelas condições intensificaram a dor da perda, e a sua mente apagou tudo, pra te proteger, como eu tinha falado de início, não foi só o trauma de ter sido tirada de casa, mas o de ter perdido novamente um bebê, sem apoio nenhum. As lembranças estavam todas ai, a gente só precisava encontrar o caminho até elas, você reprimiu tudo isso, pra se proteger, agora que você não precisa se proteger da dor de nao ter a Clarice, as memórias estavam só esperando para serem ativadas. E foi o que aconteceu aqui. Você parou pra pensar naquilo que aconteceu, e as memórias foram ativando umas as outras.
Ca: acho eu entendi, meu cérebro apagou as memórias com a minha filha porque pensar nela e não poder ter ela era doído demais pra mim?
V: isso mesmo! Que tal paramos por aqui hoje e retomamos depois? Hoje conseguimos avançar muito! Espero que em breve você se recupere de tudo isso. (Fala sorrindo)
Ca: eu também, vou indo então! Beijo Val! (Me despeço dela e saio com um sorriso enorme no rosto)

ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora