capítulo onze.

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Voltei a postar!

Estou inquieta, apertando as mãos enquanto caminho de um lado para o outro no lobby. Quero entrar na sala de Kaldor, mas nunca crio coragem. Estou em sua porta há dez minutos e toda vez que dou um passo, volto atrás. Felizmente é o dia de folga de Lissa, ou ela já teria me perguntado o porque de estar tão ansiosa. Não há ninguém para presenciar meu sofrimento lento, nem mesmo a sócia desconhecida. Não conheço Eloy até hoje, ela está numa viajem a trabalho há três semanas, o tempo que estou aqui, vivendo para um caso de divórcio milionário.

Tento entrar outra vez na sala, mas a coragem me falta e solto uma respiração dura.

Meu celular vibra no bolso da calça e eu o retiro com dificuldade por causa das mãos trêmulas.

Kaldor: você sabe que eu consigo ver sua sombra passando sob a porta, não sabe?

Fecho os olhos com força e guardo o celular no bolso, me sentindo letárgica, ao mesmo tempo que meu coração bate acelerado no peito. Não penso, apenas empurro a porta e entro.

— O que posso fazer por você? — Kaldor pergunta de sua mesa. Ele está encostado na cadeira, parece relaxado. A camisa social tem os primeiros botões abertos, a gravata está jogada sobre os papéis desorganizados.

— Eu gostaria de pedir um favor. — Começo meio incerta, me aproximando até apoiar as mãos no encosto da cadeira para clientes. É humilhante estar tendo uma crise de ansiedade por algo tão pequeno. É só pedir. O pior que posso receber é um não.

— Pode pedir. — Ele assente indicando que eu me sente com um gesto. Continuo de pé, não consigo me sentar, estou inquieta demais. Kaldor aos poucos abandona a postura descontraída, seu cenho se franzindo conforme ele me estuda com mais atenção. — Você cometeu um crime?

— Não! — Exclamo piscando várias vezes. — Claro que não.

— Então porque está tão nervosa? — Kaldor pergunta empurrando a cadeira ao se levantar, seus olhos estão preocupando quando ele atravessa a mesa e para ao meu lado. Prendo minha respiração no momento em que ele ergue a mão e toca meu braço. — O que houve?

Será que pareço tão mal? Claro que pareço.

Seus olhos azuis estão intensos, totalmente focados no meu rosto, que fica quente de imediato, o suficiente para fazer minha cabeça parecer prestes a explodir.

— Eu... Eu gostaria de saber se você pode adiantar meu primeiro salário porque todas as economias acabaram e eu preciso de coisas para casa... — Meu rosto está tão quente que tenho certeza estar vermelha feito um tomate. Sinto os olhos secos, um nó na garganta. Odeio pedir favores, principalmente quando envolve dinheiro. Sempre fui totalmente independente, a criança que ao invés de pedir comida, ia até a geladeira e comia qualquer coisa sem incomodar ninguém.

Kaldor me encara como se não pudesse acreditar no que estou pedindo.

— Com o seu nervosismo, eu jurei que você me pediria para te defender contra uma acusação de homicídio. — Ele murmura balançando a cabeça, certo alívio em seus traços. Seus dedos se apertam um pouco mais em meu braço e eu respiro fundo. — Você não precisa ter uma crise de pânico para me pedir algo, entende?

— Não gosto de pedir nada. — Confesso. — Me faz sentir... Impotente, fraca.

Na sua infância, seus pais eram acostumados a te deixarem sozinha, obrigando você a assumir responsabilidades que uma criança não deveria? Foi o que minha antiga psicóloga perguntou quando disse a ela esta mesma frase.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora