capítulo vinte e seis.

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— Helena. — Eduardo diz meu nome calmamente, mas seus olhos estão nublados por algo escuro e odioso. Nós nos encaramos por um momento, as íris de safira estão dilatadas, fixas em meu rosto. Ele está vermelho da raiz dos cabelos até o pescoço e de longe, vejo suas mãos tremerem. Aos poucos, a fúria se esvai, sendo substituída por preocupação e tristeza. Seus ombros caem e ele respira fundo, abre a boca algumas vezes, mas não diz nada. — Por favor, não me deixe. Eu não posso fazer isso de novo.

Sua voz soa desesperada, crua e honesta. Eduardo dá um passo em minha direção, mas para de andar quando eu dou um passo para trás. Seus olhos se enchem de choque, como se me ver me afastando dele fosse algo tenebroso. Eduardo ergue as mãos, mas logo deixa os braços caírem, derrotado.

— Helena...

— Você me assusta. — Confesso, as palavras embargadas pelo choro. — Tenho medo de que você me machuque como machuca ela. Tenho medo de ignorar os sinais e acabar com você fazendo aqueles jogos mentais comigo.

— Eu nunca... Meu Deus, Helena. Eu nunca machucaria você... Eu...

— Você deve ter pensado isso sobre ela. Até que ela fez algo que te machucou e você esqueceu seus princípios, seu caráter. — Meu coração dói quando ele me olha tão ferido, mas agora que comecei a falar, não consigo parar. — Você amou aquela mulher, Eduardo. E agora você a humilha e até mesmo agride. O que me garante que você não fará o mesmo comigo?

— É diferente. — Sua voz é um lamúrio e Eduardo diz isso com tanta certeza que por um momento quase cedo. É perigoso o quanto quero acreditar nele. — Não existe nada que você possa fazer para me machucar como Lilian machucou. Nada. Ela atingiu o ápice, ela me mostrou o máximo de dor que eu poderia suportar e nada que venha agora pode ser tão fodido quanto aquilo. E também, é diferente porque você não merece, meu amor. Ela merece. Ela é um monstro. Você... Você, minha querida, você é o meu presente. Eu sou uma bagunça, Helena, mas eu só quero ficar com você, cuidar de você.

Eu me encolho porque as palavras dele são tudo que quero ouvir. Sinto algo quente correr por meu rosto e toco minhas bochechas, só então percebendo que estou chorando. Eu o amo e vê-lo sofrer destrói meu coração. Eduardo apenas me olha esperançoso, a ponto de lágrimas. Quando ele me machucar, quando e não e se, eu vou me arrepender de não ter visto os sinais, vou me sentir idiota e bater nas paredes por ter sido tão estúpida. Tenho todos os motivos para ir embora, correr para o mais longe possível, mas fico. Quando ele se aproxima em passos vagarosos, atravessando o lobby vazio, eu não fujo dele. Também não fujo quando ele ergue as mãos, cheio de cuidado e hesitação, e toca meus ombros.

Meu soluço ecoa e ele me abraça apertado, me segurando protetoramente em seus braços.

— Nunca vou te machucar. — Ele jura beijando meus cabelos, sua voz embargada. — Mas eu te imploro para também não me machucar.

— Como eu machucaria um homem com o dobro do meu tamanho? — Pergunto fungando asperamente.

— Não acho que você possa me machucar fisicamente. — Eduardo responde. — Mas você não faz ideia do que pode fazer com meu coração.

Levanto o rosto de seu peito e olho em seus olhos, encontrando um mar de emoções. De tão perto, posso ver as manchas verdes perdidas no azul, a forma que seus cílios tremem quando ele pisca lentamente, as sardas no topo das maçãs. Ergo minha mão e acaricio a pele pálida avermelhada, a barba por fazer arranhando meus dedos levemente.

— É a última vez que eu finjo que não estou vendo. — Prometo para ele, juro para mim mesma, tendo certeza de que é a verdade. — Não vou ignorar os próximos sinais.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora