É a última prova do semestre e estou tão nervosa que sequer consigo raciocinar. Tudo que aconteceu entre Eduardo e eu e consequentemente a gravidez de Pedro impediu que eu me dedicasse aos estudos e agora colho os frutos disso.
Principalmente em direito penal.
Eduardo voltou a lecionar na Casteli, mas não na nossa turma, o que não mudou em nada nossa situação com o professor estupido; exceto que agora tenho um professor particular em casa.
— Podem iniciar a prova. — A professora de direito civil brada, mas tudo que faço é apertar os olhos e ajeitar Pedro no braço.
Estamos num auditório lotado, onde quatro turmas de direito irão realizar uma prova multidisciplinar valendo 60 pontos, a última do semestre. Eu preciso de 38 para passar e não consigo me concentrar com meu filho esfregando o nariz no meu pescoço e apalpando o colo dos meus seios.
Ele quer mamar.
Pedro quer mamar no meio da minha prova multidisciplinar valendo 60 pontos.
Misericórdia.
— Agora não. — Digo baixinho, mesmo que meu coração se encha de dó. — Daqui a pouco seu irmão irá pegar você e te dar mamar.
Aos seus dez meses de vida, Pedro felizmente começou a intercalar o peito com a fórmula, o que me deu alívio. Não é fácil dormir com uma criança agarrada nos seus seios.
Apesar de tentar, não consigo me concentrar na prova, principalmente quando meu bebê acha algo muito engraçado e solta uma risadinha. Quando sigo seu olhar, encontro Eduardo caminhando até nós.
É engraçado e apavorante como todo mundo para de fazer a prova para vê-lo passar.
— Vem com papai. — Ele diz baixinho quando para ao meu lado e estende as mãos. Pedro rapidamente ergue os bracinhos e Eduardo o pega no colo, beijando seu rostinho. Antes de se afastar, ele me lança um sorriso.
Aquele sorriso me diz para tomar vergonha e fazer minha prova.
— Uau... — A exclamação debochada logo ao meu lado não me pega de surpresa. Antônio sempre solta uma dessas quando apareço na faculdade com Pedro ou quando Eduardo se aproxima de mim; no entanto, desde que nosso antigo professor voltou, ele não se atreve a fazer mais do que isso. Quando era somente eu, tudo bem, mas Eduardo o amedronta.
Homens só respeitam outros homens.
— Algum problema? — Eu pergunto porque simplesmente cansei de ouvir tudo sem dizer nada. Ele arqueia as sobrancelhas e eu percebo que me virei completamente na cadeira para olha-lo. Repito mais alto: — Algum problema, Antônio?
Vejo que as pessoas começaram a se virar para nós, mas não recuo. Estou cansada.
— Não, nenhum problema. — Ele responde evidenciado o covarde que é.
— Claro que não. — Eu sorrio. — Você só tem problemas comigo quando meu marido não está perto.
Eduardo ainda não é meu marido, não no papel, mas eu gosto do que a palavra faz com Antônio. Não preciso dizer mais nada; chamar Eduardo de marido encerra a discussão, porque no fim, ele só se ressente por eu tê-lo ignorado em prol de ficar com Eduardo.
— Helena, sua prova. — Não sei qual professor adverte, mas eu me viro para frente e pego a caneta.
Dessa vez, consigo me concentrar.
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Já me acostumei a dar aulas com Pedro no colo. Ele parece gostar de me ouvir falar e fica em silêncio conforme explico minha matéria. O difícil é fazer os alunos prestarem atenção em mim conforme meu filho rouba meu brilho.
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MONSTRO. | Professor × Aluna.
RomanceMONSTRO - Você Me Destruiu. O destino é imprevisível, a força que rege o mundo. No entanto, com Helena Campos, o destino foi mais que cruel. A faculdade de Direito é o lar de seus sacrifícios, onde tem que lutar para se manter, mas se tornou seu lu...