capítulo vinte e sete.

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mais comentários.

Me certifico de sair do banheiro trinta minutos antes da faculdade fechar, sabendo que a essa hora não há mais ninguém pelos corredores. Minha bolsa pesa mais do que nunca, meus pés se arrastam feito chumbo e minha cabeça dói, mas me forço a continuar andando até chegar ao pátio principal. Sento-me num dos bancos de pedra dispostos na grama verde e tiro meu celular da bolsa.

Minha cabeça gira e eu toco a têmpora, sentindo um galo se formar; o sangue secou e se tornou algo duro e pegajoso. O que eu continuo fazendo comigo mesma?

Abro a lista de contatos e meu dedo paira sobre o nome de Eduardo, mas desço mais a lista e clico em outro contato.

Oi! — A voz de Lissa soa do outro lado da linha, atendendo depois do segundo toque.

— Lissa, eu caí e machuquei a cabeça, não estou muito bem... Você pode vir me buscar na faculdade?

Claro, eu poderia pegar um Uber, mas no estado letárgico que me encontro, me sinto perigosamente vulnerável e as únicas pessoas que confio estando assim, são Lucas, Eduardo e Lissa. Os dois primeiros estão fora de questão e apesar de não querer incomodar Lissa, sei em meu coração que posso contar com ela.

Puta merda, Helena! Tá bom, sim, claro. Estou saindo de casa. — A voz de Lissa soa desesperada e escuto barulhos ao fundo, como se ela estivesse correndo de um lado para o outro. — Em qual parte da faculdade você está?

— No pátio principal, perto da... Perto da portaria.

Helena, como você está se sentindo? Sua voz está fraca. — Lissa solta uma exclamação de dor quando aparentemente bate em algo. — Estou pegando o elevador.

— Obrigada, Lissa. — Agradeço de todo coração, evitando responder que estou péssima. — De verdade.

Não precisa agradecer, amigas são para isso, ok? Você faria o mesmo por mim.

— Com toda certeza. — Digo baixinho.

Desligo o telefone quando ela garante que chegará o mais rápido possível. Coloco minha bolsa na ponta do banco e deito a cabeça sobre ela, esticando o corpo na superfície gelada. Mesmo deitada na pedra, me sinto confortável o suficiente para fechar os olhos e relaxar. Nem mesmo o frio cortante é o suficiente para me abalar.

Nada mais é o suficiente para me abalar.

Eu estava bem, relativamente feliz em minha bolha antissocial e vazia, sem nada de bom, mas também sem muita coisa ruim. Agora, depois de Kaldor, estou no meio de um furacão, tendo minha saúde mental ainda mais prejudicada. Me encolho para tentar fugir do frio terrível, mas é inútil.

Tão, tão frio.

Minha pele está fria, meu coração está frio. Tudo tão, tão frio.

Fecho os olhos pelo que penso ser um segundo, mas quando os abro de novo, mãos frias estão me sacudindo.

— Helena, pelo amor de Deus! — Lissa grita e pela visão embaçada vejo o zelador atrás dela. — Helena!

— Oi, calma... — Limpo a garganta quando vejo que minha voz está rouca demais. — Eu só dormi...

— Pobrezinha, está muito cansada. — O zelador diz e acaricia minha testa quando começo a levantar. — Meu Deus, você está queimando em febre!

— O senhor pode me ajudar a levá-la até o carro? Vou levar ela para o hospital. — Lissa pede me ajudando a levantar. Penso em protestar, mas minha cabeça gira e eu me sinto terrível porque sei que realmente preciso de um hospital.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora