Quando acordo, estou com o rosto enterrado nos cabelos de Helena, minha boca em sua nuca, minha perna direita entre as dela conforme meu peito está colado em suas costas. Levo um segundo para perceber que meus braços estão apertados ao redor dela, como um casulo, e ela está totalmente inerte, respirando pesadamente, a bochecha amassada na curva do meu braço. Pela luz que vejo através das janelas, não passa das seis da manhã.
Respiro fundo, absorvendo o cheiro de seu perfume e aperto meus olhos. Se eu fingir que estou dormindo, posso ficar aqui para sempre, ou melhor, até que ela acorde e se vá... O que não demora muito.
Helena se remexe em meus braços e eu fico imóvel. Ainda não quero partir, ainda não quero me afastar. Por favor, fique mais um pouco... Ela se desvencilha de mim com cuidado e eu rolo até ficar de costas para ela. Não quero que ela veja que acordei, não quero passar por uma situação constrangedora, ver o arrependimento em seus olhos.
Helena toca minha nuca, depois minha bochecha que não está escondida no travesseiro. Ela está verificando se estou com febre?
— Porra. — Ouço Helena xingar e logo depois se afastar da cama.
Imagino que ela só esteja arrependida de ter me convidado para sua cama, quando a ouço dizer:
— Cadê a porra do termômetro?
Eu me reviro na cama e abro os olhos. Helena está revirando a mesa de cabeceira quando me sento aturdido, coçando os olhos.
— O que foi?
Helena se vira e me olha com as sobrancelhas arqueadas, respirando fundo.
— Você está quente. — Ela diz franzindo os lábios. — Estou procurando o termômetro.
Toco minhas bochechas e depois minha testa, mas não sinto nada de diferente.
— Não se preocupe. Não deve ser febre.
Febre é sinal de infecção e isso realmente é preocupante, mas me sinto tão bem que não me apavoro. Na verdade, eu fico muito satisfeito com sua aparente preocupação.
— Eduardo. — Ela é incisiva ao dizer meu nome, mas apenas balança a cabeça e sai do quarto.
Eu encaro a porta sem entender o que aconteceu, mas então ela retorna com um termômetro em mãos. Sem dizer nada, Helena me entrega o aparelho e eu o coloco na axila, a ponta gelada arrepiando minha espinha.
— Está tudo bem. — Eu a tranquilizo quando percebo seus olhos arregalados e assustados. — Não me sinto mal.
— Você está vermelho e quente. — Ela contradiz, trocando o peso de um pé para o outro. — Está sentindo alguma dor?
— Não, estou bem.
O termômetro apita e antes mesmo que eu possa erguer a mão, Helena já o arrancou de mim.
— 38.9, Eduardo. — Ela diz apertando os olhos com força e respira fundo. — Vou ligar para Eloy.
— Helena. — Eu chamo seu nome com inconfundível autoridade, fazendo-a me olhar surpresa. — Estou bem, não precisa ligar para ninguém. Vou tomar um remédio, aguardar a febre ceder e caso não aconteça, ligo para o meu médico. Está tudo certo.
— Mas...
— Mas nada. — Corto-a. — Não estou indisposto, não estou sentindo dor, é só uma febre. Posso estar resfriado, vai saber?
Os olhos castanhos de Helena estão brilhantes de preocupação, preocupação genuína e profunda, um sentimento denso e forte, inconfundível. Ela franze os lábios, me encarando, e cruza os braços, respirando fundo.
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MONSTRO. | Professor × Aluna.
RomanceMONSTRO - Você Me Destruiu. O destino é imprevisível, a força que rege o mundo. No entanto, com Helena Campos, o destino foi mais que cruel. A faculdade de Direito é o lar de seus sacrifícios, onde tem que lutar para se manter, mas se tornou seu lu...