capítulo catorze.

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Suponho que a chácara pertença à faculdade. Primeiro: está localizada há alguns quilômetros no campus, segundo: todas as festas universitárias acontecem ali e uma vez ouvi Betina dizer que era necessário autorização da reitoria para usar o local.

Até o meio da noite, Lucas parece decidido a seguir as ordens do pai e os conselhos do motorista, mas então ele começa a beber e eu fico preocupada.

A primeira dose é tranquila, só para experimentar e eu até o acompanho, mas na terceira em diante, passo a ficar incomodada. Ele ri, conversa e bebe mais, se tornando a atração da festa, super popular e conversativo. Lucas cativa as pessoas ao nosso redor, fala sobre viagens que já fez e também de leis, deixando algumas garotas de pescoço pendurado para o lado. Não falo muita coisa, não converso com ninguém e depois da onze da noite, três horas após nossa chegada, eu já quero me matar.

— Ei, Helena. — Antônio me cumprimenta, sendo a primeira pessoa a se dignar a falar comigo durante a noite. Ele é o rapaz que senta atrás de mim e tem mania irritante de mexer no meu cabelo. Vestido com uma camisa polo preta, jeans e tênis da mesma cor, ele se mistura com a noite ao nosso redor. Seus olhos verdes me estudam, felizmente sem malícia ao observar meu vestido e os saltos. — Você está muito bonita.

— Obrigada, Antônio. — Não retribuo o elogio. Minha avó sempre dizia que elogiar uma pessoa depois que ela te elogia, é pior do que não elogiar. Elogios devem ser espontâneos, não vindos de um cortês e falso “você também.” — Se divertindo?

Nunca conversei com Antônio mais do que algumas frases, mas prefiro conhecê-lo melhor do que continuar a sombra de Lucas, mesmo que meu amigo me abrace e me puxe para a conversa dez vezes por minuto. Antônio sorri, parece surpreso por eu puxar conversa. Ele é bonito, tenho que admitir. Sua pele bronzeada, bem mais escura que a minha, os olhos verdes e o cabelo com algumas mechas douradas, com certeza artificiais, lhe dão o charme e aparência de surfista do litoral.

— Estou... — Ele diz com uma careta e então ri. — Porra, só quero ir pra casa.

— Eu também. — Concordo com uma risada.

— Vou no bar pegar uma bebida, você quer uma? — Ele aparenta ser solícito e gentil, mas me lembro do conselho que o Uber me deu.

— Vou com você. — Cedo. Não o deixarei me trazer uma bebida, mas não vejo problema em ir pegar uma com ele.

Por ser Open Bar, todos os presentes estão bêbados. Mantenho meus olhos em Lucas, mesmo de longe. Não quero que nada de mal lhe aconteça.

— O que você quer beber? — Antônio pergunta. Perto do bar a música é menos alta, o que deixa vários casais confortáveis para conversar ao redor do enorme balcão curvo.

— Aquele negócio de kiwi. — Peço ao barman, sem saber o nome da bebida, mas tentando descrever. Ele ri e começa a preparar. — Gosto disso.

— Quero um igual, por favor! — Antônio pede com um sorriso animado, parecendo feliz por minha presença. Isso me surpreende, não sou acostumada com pessoas que me querem por perto.

Ao longo da conversa, com Lucas vindo me dar um beijo no rosto há cada cinco minutos, descubro que Antônio é legal e que temos várias coisas em comum, como o amor por Direito desde a adolescência. Achei que seria desconfortável conversar com ele, mas ele recarregou minha bateria social e eu rio mais do que imaginei ser possível.

— Obrigada por estar comigo, está muito mais legal agora. — Antônio agradece verdadeiramente e eu sorrio tanto que minhas bochechas doem. — A gente pode comer juntos na lanchonete da faculdade, às vezes, o que acha?

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora