Eduardo tira o paletó do terno e o deixa sobre a cadeira do professor. É a terceira vez na semana que ele vem direto do tribunal para a aula, o que me traz sérios problemas de concentração. O homem de terno é um pedaço de mau caminho inexplicável.
— Como dito anteriormente, o código de Ética OAB, é onde estão reunidas as regras de conduta que o advogado deverá seguir durante o exercício de sua profissão, bem como algumas regras práticas como sigilo profissional, como lidar com clientes, com outros advogados, políticos e figuras públicas e até mesmo os limites da publicidade deste profissional. — Eduardo continua o assunto da aula anterior, dando mais informações sobre o Código de Ética OAB. Há certa inquietação na sala de aula, uma comoção silenciosa que me deixa curiosa e preocupada. — Sendo assim, se decidirem seguir a carreira de advogado, devem saber que há regras a serem seguidas. Um profissional não é nada sem sua ética, além do mais...
— Professor. — Antônio ergue a mão, chamando a atenção para si. Desde o dia em que nos beijamos e eu nunca mais falei com ele, o rapaz passou a se sentar do outro lado da sala e não mais atrás de mim. Eduardo deixa o iPad sobre a mesa e se vira para Antônio, dando a ele a palavra com um gesto de sua mão. — Também há um código de Ética para os professores?
— Bom, há um código de Ética docente, que combinado às regras das instituições, cria um parâmetro a ser seguido. — Eduardo responde com a cabeça levemente inclinada para o lado. — Tem interesse na carreira, Antônio?
— Bom, agora que eu sei que professores podem transar com alunas, estou pensando no assunto. — Antônio diz com um sorriso amarelo, lançando um único olhar em minha direção.
Um misto de choque e preocupação enche o rosto de Eduardo, mas ele logo mascara com simples confusão. Meu coração bate acelerado no peito, minhas mãos estão suando. Olho para Lucas e Samuel, que parecem tão perdidos quanto eu.
— Não sei se entendo onde você quer chegar, Antônio. — Eduardo diz estreitando os olhos. — Ou o que isso tem a ver com minha aula.
Há um silêncio tenebroso dentro da sala de aula, como se meus colegas de aula não ousassem sequer respirar. Sinto algo cutucar minhas costas e olho para trás, encontrando Bia e seu lápis. Ela sempre foi uma garota de atitude gentil e simples, mas agora seu olhar é preocupado quando me entrega seu celular.
Meus olhos se arregalam quando vejo o que está na tela, o telefone quase caindo da minha mão suada. O Instagram de Lucas está aberto nos storys, com uma foto tirada na praia. Estou sentada no colo de Eduardo e rindo enquanto ele me olha com um sorriso bobo no rosto.
Se não for assim, nem quero; Lucas escreveu na foto que postou para os seus quase quatro mil seguidores.
— O que...? — Sussurro olhando entre a foto e Lucas, que encara seu pai com preocupação. Há uma conversa acontecendo, mas não consigo ouvir nada.
— Acho que ele postou sem querer... — Bia diz num sussurro, não há malícia em seu tom, parece até mesmo triste.
— Não é desrespeito, doutor. Eu só acho muito hipócrita ter o senhor falando de ética na frente da sala enquanto tem um caso com uma aluna. — Antônio murmura do seu lugar, continuando algo que não ouvi, mas não olho para ele, tudo que vejo é a foto no celular. — Porque, desculpe o palavreado, é foda pra caralho ter que estudar pra sua matéria, que é super difícil, enquanto uma mulher só precisa, o que? Dormir com o senhor?
— Apaga a porra do story. — Eu ordeno a Lucas tentando manter a voz baixa. Ele me olha como se não estivesse entendendo. — Você postou minha foto com Eduardo pra todo mundo ver!
— Desculpe, o que? — Eduardo responde dando um passo em direção a Antônio. — Por favor, garoto, faça acusações diretas, eu não sou advinha.
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MONSTRO. | Professor × Aluna.
RomanceMONSTRO - Você Me Destruiu. O destino é imprevisível, a força que rege o mundo. No entanto, com Helena Campos, o destino foi mais que cruel. A faculdade de Direito é o lar de seus sacrifícios, onde tem que lutar para se manter, mas se tornou seu lu...