capítulo dezesseis.

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mais capítulos.

Invento que tropecei e ralei as mãos na calçada, assim justifico os curativos. Não sou a melhor mentirosa do mundo, mas repeti aquilo tantas vezes que agora acredito que é verdade. Me aproveito do dia caótico para me esquecer dos problemas, atendendo diversas chamadas e até mesmo ajudo Lissa a imprimir e grampear autos de um processo de Eloy.

Eloy é toda sorrisos quando me encontra e realmente me presenteia com uma roupa; um blazer novo, vermelho vivo.

— Eduardo disse que você prefere roupas sóbrias, mas eu achei esse a sua cara! — Ela esclarece quando termino de avaliar a peça.

— Obrigada, é lindo. Sério. Estou apaixonada. — Continuo segurando a peça nobre, encantada com o tecido. Esse blazer com certeza vale mais do que meu guarda roupa inteiro. — Não precisava, sério.

— Claro que precisava. — Ela discorda com um sorriso enorme. — Deus me livre ser a cunhada chata.

— Cunhada?! — Lissa exclama tão chocada que quase caí da cadeira.

Meus olhos se arregalam de choque.

— Acredite ou não... — Eloy abre um enorme sorriso. — Eduardo Kaldor está apaixonado.

— Puta merda. — Lissa saí de sua mesa e cruza os braços, parando bem na minha frente. Sentada estou, sentada continuo. — Você tem um caso com Eduardo Kaldor?

— Lis...

E NÃO ME CONTOU? — Lissa grita, realmente grita no meio do lobby de recepção.

— Ops... — Eloy ergue as mãos como se estivesse se rendendo, e com uma risada, se afasta.

— Não há nada para contar. — Digo a Lissa. — Eu só... Gosto dele.

— Espera. — Lissa puxa a cadeira destinada aos clientes e senta de frente para mim. — Vocês já ficaram?

Meu rosto se aquece.

— Trocamos alguns beijos... — Não é exatamente mentira.

— Vocês transaram? — Ela aperta mais, suas sobrancelhas loiras franzidas em concentração.

— Não. — Não tem porque mentir.

A afirmação parece deixar Lissa ainda mais chocada.

— Vocês trocaram alguns beijos e não transaram? — Dessa vez, sua voz é baixa. — Como assim?

— A gente fica às vezes. Só dá uns beijos e tal. — Me encolho de vergonha. Não tenho a intenção de dizer nada, mas nesse momento, me sinto tentada a falar. Quero falar sobre Kaldor, sobre o que sinto. — É mais carinho, sabe?

— Ok. — Tenho a impressão de que Lissa anota isso mentalmente.— Vocês já tiveram a oportunidade de transar? Tipo, juntos, sem ninguém vendo...?

— Sim? — Soa como uma pergunta. — Já dormimos juntos, na mesma cama.

— Meu Deus. — Lissa continua de olhos arregalados enquanto me encara, totalmente pasma. — Eduardo Kaldor está apaixonado por você.

— Como que três perguntas te fizeram chegar nessa conclusão? — Questiono, cética. Lissa me olha como se eu fosse burra.

— Helena, pelo amor! Ele transa com todo mundo, mas ao invés disso, está dormindo na sua cama, sem sexo, só pela sua companhia. — Seus olhos ficam ainda mais arregalados. — Meu Deus! É fofo!

— Talvez ele só não queira transar comigo. — Contesto. Não consigo evitar me jogar num mar de piedade ao falar de mim mesma. — Talvez eu não faça o tipo dele, talvez ele prefira uma amiga do que uma ficante.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora