capítulo treze.

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se houverem muitos comentários,
teremos mais três capítulos juntos!

Acordo com um barulho estranho, algo se movendo a minha esquerda. Sento-me aturdida, notando que o sol nasce no horizonte. Meus olhos caem sobre Eduardo, ele se mexe de um lado para o outro, suas sobrancelhas franzidas, mesmo em sono pesado. Ele está tendo um pesadelo, percebo. Sua face é de agonia, suas mãos se apertam em punhos fechados. Reprimo as memórias da noite anterior e apenas o olho, sentindo em meu coração sua agonia pesada.

Ergo minha mão e toco seu peito e mesmo que tenha sido vagaroso, ele acorda num pulo, seus olhos arregalados, sua respiração ofegante como se ele tivesse corrido uma maratona. Kaldor me olha, mas é como se não me reconhecesse.

— Foi só um sonho ruim. — Eu o tranquilizo. — Você pode voltar a dormir...

Ele continua olhando para o meu rosto, seus olhos azuis arregalados e cheios de uma agonia que dói meu peito.

— Como você pode não ter medo de mim? — Eduardo pergunta com tanta intensidade, tanta dor, que não sei o que responder. Eu deveria ter medo dele? Não sei se ele realmente me vê, se é realmente uma pergunta destinada a mim, mas responde mesmo assim.

— Porque você é um homem bom. — Digo baixinho, minha palma pousando em seu ombro. — Você é bom.

Ele pisca algumas vezes, sua expressão voltando ao normal, sonolento e perdido.

— Você teve um pesadelo. — Minha voz é suave, gentil. Quero que ele confie em mim, que me conte o que houve, mas ele sequer parece se lembrar da pergunta que fez dez segundos atrás. — Está tudo bem agora.

Ele se inclina e beija minha testa, um gesto que agora me parece familiar e esperado.

— Vou para casa. — Kaldor informa se colocando de pé e procura sua camisa pela sala. Observo quando ele veste o suéter, escondendo as tatuagens pretas e obscuras, mal olhando em minha direção.

— É cedo... — Meu palpite é que não passam das cinco.

— Eu gosto de tomar café da manhã com Lucas aos sábados. — É a única resposta que ele me dá. — Te vejo mais tarde?

— Você está bem? — Consigo ouvir a preocupação crescente em minha voz. Ele se vira com um sorriso totalmente forçado, rígido.

— Sim, querida. Volte a dormir. — A resposta paternalista me irrita. Sei que é mentira, mas deixo que ele vá sem dizer mais nada.

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Passo o dia lembrando da noite anterior, das coisas que fiz, que senti. A vergonha é latente, mas me arrepio toda vez que repasso seus dedos em meu corpo, suas mãos me segurando.

E então fico com raiva por ele ter ido embora tão cedo, sem dizer nada, sem confiar em mim sequer para dizer que teve um sonho ruim e que precisa ficar sozinho, ao invés de inventar uma desculpa qualquer para sair correndo.

Já é fim de tarde quando Lucas finalmente me convence a ir com ele para a festa, jogando a carta da solidão. Ele havia dito que se eu não fosse, não iria também, afinal, não queria ficar sozinho.

E assim, estou me arrumando sem vontade alguma para uma festa que não quero ir.

Felizmente não preciso escolher uma roupa, só tenho uma opção: um vestido preto e colado que comprei na Shein numa promoção relâmpago. Sabia que nunca iria usá-lo, mas quando vi uma peça de 250,00 reais por 25,00, não resisti.

O vestido vai até meus joelhos, aperta minha cintura e tem um decote que ficaria totalmente vulgar se eu tivesse muito peito, mas como sou desprovida disso, não importa. O tecido é escuro com alguns brilhos em tons de prata e dourado e eu coloco uma sandália preta que ganhei de natal, de salto.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Onde histórias criam vida. Descubra agora