borboletas [gabi cattuzzo]

parte 27

ponto de vista: gabi

Triz e eu conversamos por horas depois que eu terminei uma live. Eu contei à ela sobre minha relação com Vivi ter melhorado, e ela insistiu pra que eu confessasse, então fiz. Contei dos beijos constantes, dos sorrisos, das provocações, do fato de que já me esqueci que um dia fui apenas amiga daquela garota.

— Melhor eu ir, tá ficando tarde. — levantei do sofá e pequei minha bolsa.

— É, vá lá encontrar seu amor. — ela brincou, fazendo um coração com as mãos. — Boa noite e use camisinha.

— Triz, puta que pariu! — não me aguentei e ri muito. — Vê se não sai falando pra todo mundo, que nem no dia do seu aniversário.

— Prometo. — Triz beijou seus dedos grudados, prometendo.

— Tchau. — lancei beijinhos no ar pra ela, que acenou pra mim divertidamente.

Resolvi não pedir Uber e ir de ônibus pra pensão, mesmo. Preciso economizar. Ao chegar, subo direto pro meu quarto e não à vejo lá. Começo à tirar meus sapatos e guarda-los em seu devido lugar, e nesse meio tempo, Vivi aparece de toalha.

— Oi. — ela diz e eu consigo sentir o cheiro delicioso de seu sabonete.

— Oi. — falei me virando para vê-la. — Resolveu tomar banho, finalmente?

— Falando assim, parece até que eu sou o Cascão de buceta. — ela comentou, me fazendo arregalar os olhos e cair na gargalhada. — E você? Vai se lavar, também?

— Vou. Preciso de água quente urgentemente... — me espreguicei.

— Hm. Pode ir, vou esperar aqui. — ela começa a se vestir na minha frente e eu saio, envergonhada.

O banho foi muito bom, aproveitei depois pra passar meu creme facial e escovar os dentes. De volta no quarto, Vivi está deitada em sua cama de pijama. Eu me visto calmamente e estranho o silêncio dela. Quando reparo em seu semblante, percebo que ela caiu no sono.

Saí novamente e estendi a toalha. Quando retorno, acabo esbarrando no espelho, o fazendo quase cair e acordando a garota.

— Tudo bem? — ela perguntou, sonolenta.

— Sim, foi só eu sendo uma desastrada. — respondi, andando na direção da beliche.

— Onde vai? — a morena disse ao me ver subir a escadinha.

— Pra minha cama? — falei, óbvia.

— Não quer dormir aqui, comigo? — ouço ela bater no colchão.

— E se alguém entrar no quarto? — desci e fiquei de pé, observando-a.

Eu não me importaria. Pelo menos, acho que não.

— Tá com medo? — Vivi provoca, eu reviro os olhos e acabo me deitando ao seu lado.

Ela puxa o cobertor, nos cobrindo até a cintura. Ficamos uma de frente pra outra, e eu tive medo de falar alguma coisa estúpida. Já ouvi alguém dizer que às vezes, gestos dizem mais do que palavras. É um clichê fodido, mas eu não ligo.

Passeio meus dedos no rosto dela, tocando em cada parte e apreciando os pequenos detalhes. As sardinhas, os olhos grandes dela, sua boca carnuda, as sobrancelhas cheias.

— Que foi? — perguntei baixinho ao vê-la rir.

— Faz cócegas. — Vivi fechou os olhos com força e eu depositei um selinho demorado em sua boca.