parte 43

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ponto de vista: vivi

Gabi e eu passamos a manhã inteira vendo apartamentos pra alugar no nosso bairro. Triz me ajudou com a pesquisa, ela indicou uns prédios legais, contatos bons, enfim.

Agora estamos no último. Quer dizer, eu espero que seja o último, porque tô cansada pra caralho.

— Nossa, mas quem compraria um abajur assim? Que ridículo. — Gabriela comentou dando risada. Eu ri também, até sentir alguém atrás de mim. Era a locadora. — Opa, foi mal, moça.

— Enfim. — a mulher suspirou. — O que acharam? O preço é bem acessível.

— Acessível pra quem? — perguntei inocentemente, ou talvez não.

— A gente vai pensar melhor, aí daremos retorno. Tchau, viu? E obrigada. — Gabi segurou meus ombros e nós nos direcionamos até a saída.

Enquanto caminhamos pela calçada, eu agradeço mentalmente pelo vento refrescante batendo na minha pele.

— Me diga que você também não quer aquele lugar. — falei em súplica.

— Não, não quero. Nem morta.

— Ainda bem... — pus a mão no peito, aliviada. — Foi o pior de todos, e se não foi, tá na lista.

— Qual você gostou mais? — a garota me olhou ansiosa.

— O terceiro.

— Sabia. Eu também! — ela deu pulinhos de alegria e eu também. — A mobília é tão bonita e a vista da varanda perfeita.

— Não sei se já te contei, mas sempre tive vontade de morar num lugar pequeno assim. E aconchegante. Sei lá, lembra infância, brincar de casinha, sabe?

— Claro! Nossa casa vai ser aquela então, tô nem aí.

— E por incrível que pareça, o preço tava melhor do que o do apartamento com aquele abajur horrendo. — coloquei meu braço em volta dos ombros dela. — Quando chegar em casa, ligue logo.

— Tá bom. — Gabi assentiu e nós continuamos andando.

Depois do almoço, eu saí pra trabalhar quase desistindo. Meu cansaço quase foi mais forte, mas como que eu vou pagar o aluguel da minha nova casa assim? Tá aí algo pra me motivar.

Valentina parecia mais feliz hoje. Estranhei tanto que cheguei à cogitar se o meu humor era contagioso. Essa teoria sumiu quando ela discutiu com um cliente, que pagou um valor menor do que era pra ser pago.

Seu Ronaldo veio resolver a situação e acabou que ele e Valentina também discutiram. A mulher quase foi mandada embora. Ela tava certa em contestar, mas não precisava ser tão agressiva.

— Você precisa relaxar.

— Cala a boca, Viviane! — a bocuda resmungou, levantando uma mão e me fazendo inclinar pra trás.

— Tá bom, não falo mais nada. — faço uma careta e volto ao meu posto.

Quando chegou à hora de fechar a floricultura, eu me apressei pra sair primeiro e deixar as trancas com minha colega de trabalho.

— Cheguei! — gritei da sala quando fechei a porta e joguei minha bolsa no sofá.

— Olá, princesa! — Gabi veio correndo me beijar. Nos empolgamos tanto que quase caímos no chão. — A Triz saiu e eu já liguei pro locador.

— E aí? — arregalei os olhos.

— Tudo certo. Só tem mais umas pequenas coisas pra acertar, mas eu falei pra ele que nós aparecemos lá depois e concluímos.

— Amém, caralho. Nunca pensei que diria isso, mas obrigada Dora! — levanto as mãos, em comemoração.

— Ah, falando nisso... — Gabriela enrolou por uns segundos, me deixando um pouco aflita. — Eu tô indo visitar a Laura. Vamo comigo?

— Agora?

— Sim. Tá muito cansada?

— Não é bem isso, é que com certeza vão fazer barraco se nos verem lá.

— A Manu disse que hoje tá liberado, e que foi a própria Laura que pediu que estivéssemos lá. Parece que é algo importante. Você tem que ir, Vivi. — ela segurou minhas mãos com força.

— Tá bom. — concordei, e a de olhos azuis sorriu lindamente. Eu me inclinei pra dar uma mordida em sua bochecha e ela me deu tapinhas no braço. — Só vou tomar banho e me arrumar, ok chatinha?

— Ok. — Gabi lubrificou os lábios e me observou ir até o corredor.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora