ponto de vista: gabi
Laura já foi pro médico e cá estou eu, cuidando dos filhos dela. Vivi me disse que eles dão muito trabalho, mas até então, não notei isso. Ou ela é muito exagerada ou eu sou ótima com crianças, mesmo.
— Então, o que querem fazer? A gente pode fazer qualquer coisa. — falei numa empolgação, alguns minutos após sentarmos os três no sofá.
— Brincar de pega-pega! — Henrique gritou, levantando os braços.
— Sim! — Fabiana fez o mesmo, e eu desmanchei meu semblante empolgado.
— ...É, não vai dar pra fazer qualquer coisa. — reformulei minha frase.
Faz séculos que não brinco de pega-pega, e pra ser sincera, sempre fui péssima nisso.
— E desenhar? — Fabiana sugeriu e eu achei uma boa ideia, à princípio.
— Gostei. Tragam seus cadernos.
Eles correram até seus quartos pra pegar os materiais. Enquanto isso me aconcheguei nas almofadas e pensei em algumas coisas. Acordo do meu transe ao ouvir os pestinhas correndo de volta pra sala.
— Vamo fazer um campeonato? O desenho mais bonito ganha. — Henrique disse.
— Mas quem vai decidir? — eles olharam pra mim.
— Ah, não. Eu sou imparcial, sem contar que também quero desenhar. — dei de ombros, arrancando uma folha em branco do primeiro caderno que vi.
— Então como vamos saber quem ganhou? — Henrique cruzou os braços, aborrecido.
— Se a Vivi tivesse aqui. — Fabiana comenta, o que me faz dar um sorriso genuíno.
— Verdade. Ela saberia deixar as coisas mais divertidas... — falei e eles me fitaram de forma estranha. — Que foi?
— Vocês namoram? — o menino perguntou, e na hora me recordei da primeira vez que ele disse isso.
— Não, a gente não namora. — bufei, e graças a Deus depois disso cada um se concentrou em seu desenho.
Fiz uma borboleta enorme, e à colori com minhas cores favoritas. Fabiana fez uma flor e Henrique um monstro de um filme da Disney aí.
— Quem ganhou? — perguntei, levantando minha folha.
— Eu, claro. — o garoto afirmou.
— Não, fui eu! — sua irmã exclamou.
— Eu! Eu! Eu! — eles ficaram repetindo isso um pro outro, eu quase perdi a paciência.
— Chega, vocês dois. — chamei a atenção deles. — Todo mundo ganhou.
— Mas assim não tem graça!
— Eu sabia que era melhor pega-pega... — Henrique virou a cara.
Eu estava prestes à revirar os olhos, até que alguém tocou a campainha. Levantei rapidamente e fui atender.
— Guaxi! — abracei forte meu amigo, que estava com um sorriso enorme no rosto.
— Oi, Bagi!
— Veio me fazer uma visita? — questionei, abrindo espaço pra ele entrar.
— Pois é, queria ver como é essa pensão. — ele olha em volta, até que bate o olho nas crianças. — Ih, cê tá de babá?
— Tô, a mãe deles foi no médico. — me jogo no sofá e o Guaxi vai até a poltrona.
— Olá...crianças. — ele cumprimenta os pirralhos. Eu gargalho. — O que estão fazendo?
— A gente tava competindo pra ver quem tem o desenho mais bonito. Mas estamos sem alguém pra julgar. — Fabiana disse, colocando um lápis dentro de seu estojo.
— Ele pode julgar. Né? — Henrique aponta pro meu amigo.
— Posso. Me mostrem. — ele concorda e nós entregamos nossos papéis. — Claro que o monstro ganhou.
— Aê! — Henrique deu pulos em comemoração.
— Assim não vale! — Fabiana resmungou.
— Realmente, com a Vivi aqui seria diferente... — brinquei.
— Falando na Vivi, cadê ela? — Guaxi coçou a nuca e olhou pelos quatro cantos da casa novamente.
— Tá trabalhando. Por que? Você veio ver ela?
— Também. A gente se deu bem no aniversário da Triz. Eu cheguei à dar meu número pra ela, mas ela nunca mandou uma mensagem sequer.
— Hm. E você gosta dela?
— ...Como assim? — o olhar dele tremeu. — A gente só se viu uma vez.
— É, mas...Cê pretende conhecer ela melhor, chamá-la pra sair, conversar com ela todo dia, essas coisas?
Droga, meu ciúme tá quase pulando direto fora da caixa.
— Não sei. Talvez. — Guaxi solta uma risadinha sem graça, e eu me seguro pra não falar mais nada suspeito. — Ela namora?
Então não comentaram com ele sobre aquelas fofoquinhas entre as meninas que fizeram na casa da Triz, sobre eu e a Vivi nos gostarmos e etc — ela me contou pouco tempo depois. Do jeito que conheço Rafael, ele não se aproximaria de alguém sabendo que pode estar rolando algo entre ela e outra pessoa.
— Não. — respondi, engolindo seco. — Você vai passar o resto do dia aqui, ou só veio rapidamente?
— Depende, eu posso ficar?
— Pode. A Vivi só chega de noite, já que quer tanto falar com ela. — mordo o lábio, insegura.
— Beleza. — ele sorriu e voltou à falar com as crianças.
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borboletas [gabi cattuzzo]
Fanfictiononde viviane mora em uma pensão e a nova moradora é sua ex amiga, gabriela.