parte 30

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ponto de vista: gabi

Laura já foi pro médico e cá estou eu, cuidando dos filhos dela. Vivi me disse que eles dão muito trabalho, mas até então, não notei isso. Ou ela é muito exagerada ou eu sou ótima com crianças, mesmo.

— Então, o que querem fazer? A gente pode fazer qualquer coisa. — falei numa empolgação, alguns minutos após sentarmos os três no sofá.

— Brincar de pega-pega! — Henrique gritou, levantando os braços.

— Sim! — Fabiana fez o mesmo, e eu desmanchei meu semblante empolgado.

— ...É, não vai dar pra fazer qualquer coisa. — reformulei minha frase.

Faz séculos que não brinco de pega-pega, e pra ser sincera, sempre fui péssima nisso.

— E desenhar? — Fabiana sugeriu e eu achei uma boa ideia, à princípio.

— Gostei. Tragam seus cadernos.

Eles correram até seus quartos pra pegar os materiais. Enquanto isso me aconcheguei nas almofadas e pensei em algumas coisas. Acordo do meu transe ao ouvir os pestinhas correndo de volta pra sala.

— Vamo fazer um campeonato? O desenho mais bonito ganha. — Henrique disse.

— Mas quem vai decidir? — eles olharam pra mim.

— Ah, não. Eu sou imparcial, sem contar que também quero desenhar. — dei de ombros, arrancando uma folha em branco do primeiro caderno que vi.

— Então como vamos saber quem ganhou? — Henrique cruzou os braços, aborrecido.

— Se a Vivi tivesse aqui. — Fabiana comenta, o que me faz dar um sorriso genuíno.

— Verdade. Ela saberia deixar as coisas mais divertidas... — falei e eles me fitaram de forma estranha. — Que foi?

— Vocês namoram? — o menino perguntou, e na hora me recordei da primeira vez que ele disse isso.

— Não, a gente não namora. — bufei, e graças a Deus depois disso cada um se concentrou em seu desenho.

Fiz uma borboleta enorme, e à colori com minhas cores favoritas. Fabiana fez uma flor e Henrique um monstro de um filme da Disney aí.

— Quem ganhou? — perguntei, levantando minha folha.

— Eu, claro. — o garoto afirmou.

— Não, fui eu! — sua irmã exclamou.

— Eu! Eu! Eu! — eles ficaram repetindo isso um pro outro, eu quase perdi a paciência.

— Chega, vocês dois. — chamei a atenção deles. — Todo mundo ganhou.

— Mas assim não tem graça!

— Eu sabia que era melhor pega-pega... — Henrique virou a cara.

Eu estava prestes à revirar os olhos, até que alguém tocou a campainha. Levantei rapidamente e fui atender.

— Guaxi! — abracei forte meu amigo, que estava com um sorriso enorme no rosto.

— Oi, Bagi!

— Veio me fazer uma visita? — questionei, abrindo espaço pra ele entrar.

— Pois é, queria ver como é essa pensão. — ele olha em volta, até que bate o olho nas crianças. — Ih, cê tá de babá?

— Tô, a mãe deles foi no médico. — me jogo no sofá e o Guaxi vai até a poltrona.

— Olá...crianças. — ele cumprimenta os pirralhos. Eu gargalho. — O que estão fazendo?

— A gente tava competindo pra ver quem tem o desenho mais bonito. Mas estamos sem alguém pra julgar. — Fabiana disse, colocando um lápis dentro de seu estojo.

— Ele pode julgar. Né? — Henrique aponta pro meu amigo.

— Posso. Me mostrem. — ele concorda e nós entregamos nossos papéis. — Claro que o monstro ganhou.

— Aê! — Henrique deu pulos em comemoração.

— Assim não vale! — Fabiana resmungou.

— Realmente, com a Vivi aqui seria diferente... — brinquei.

— Falando na Vivi, cadê ela? — Guaxi coçou a nuca e olhou pelos quatro cantos da casa novamente.

— Tá trabalhando. Por que? Você veio ver ela?

— Também. A gente se deu bem no aniversário da Triz. Eu cheguei à dar meu número pra ela, mas ela nunca mandou uma mensagem sequer.

— Hm. E você gosta dela?

— ...Como assim? — o olhar dele tremeu. — A gente só se viu uma vez.

— É, mas...Cê pretende conhecer ela melhor, chamá-la pra sair, conversar com ela todo dia, essas coisas?

Droga, meu ciúme tá quase pulando direto fora da caixa.

— Não sei. Talvez. — Guaxi solta uma risadinha sem graça, e eu me seguro pra não falar mais nada suspeito. — Ela namora?

Então não comentaram com ele sobre aquelas fofoquinhas entre as meninas que fizeram na casa da Triz, sobre eu e a Vivi nos gostarmos e etc — ela me contou pouco tempo depois. Do jeito que conheço Rafael, ele não se aproximaria de alguém sabendo que pode estar rolando algo entre ela e outra pessoa.

— Não. — respondi, engolindo seco. — Você vai passar o resto do dia aqui, ou só veio rapidamente?

— Depende, eu posso ficar?

— Pode. A Vivi só chega de noite, já que quer tanto falar com ela. — mordo o lábio, insegura.

— Beleza. — ele sorriu e voltou à falar com as crianças.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora