parte 4

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ponto de vista: vivi

Abri a porta, mas não tinha ninguém na sala. Dei passos à frente e acabei ouvindo vozes vindas de outro cômodo. A cozinha. Mas o que tá acontecendo lá? Uma comemoração? Aniversário de alguém? Que porra, nem me chamaram.

Chego lá e vejo todos em volta da mesa, brindando com copos de suco e sorrindo.

— Aê! — Manu grita empolgada. Ela vira o rosto e me olha. — Vivi, que bom que chegou.

— Bem na hora. Vem! — Fabiana e Henrique vem até mim correndo e me puxam pelo braço, pra mais perto.

Todos se distanciam, o que me permite ver exatamente cada um deles. Dou um meio sorriso, até meus olhos baterem numa pessoa.

Não acredito. Nem fudendo!

— A gente tá recebendo a Gabi com uns quitutes, e uma pequena celebraçãozinha. Ela é muito legal! — Júlia, a qual quase nunca aparece, diz.

— Gabi, essa é a Viviane. Ela demorou porque tava trabalhando. — Laura nos apresenta.

Mal sabe ela que eu conheço essa maldita muito bem.

— ...A gente já se conhece. — Gabriela diz, dando um meio sorriso sem graça.

— Já? — todas perguntam ao mesmo tempo.

— Sim. Da escola. — ela respondeu.

— Eram amigas, então? — Samira nos entreolha.

— Sim, éramos unha e carne. Como vai, amiguinha? — encho um copo com suco e o levanto, brindando e cheia de raiva por dentro.

Por que ela? Por que logo ela?

— Vivi, eu...

— Que foi? Tá com vergonha? Não fica, não. Cadê as palmas, gente? Vamos aplaudir a nossa nova colega! — acabo exagerando, meio que forçando todo mundo a bater palmas.

Dá pra ver as reações confusas de todo mundo.

Depois de um tempo, quando as outras distraíam Gabriela, subi pro meu quarto e gritei no travesseiro. Não demorou muito pra Samira aparecer. Ela sempre percebia minhas crises.

— Conta tudo. — ela sentou na cama e eu virei meu rosto pra ela. — Vocês eram mesmo amigas?

— Por que?

— Porque não parece. Você claramente odeia ela. — Samira riu.

— A gente chegou a ser. Mas aí, aconteceu um negócio. Uma coisa que me traumatiza até hoje.

— Tá...O quê?

— Foi na oitava série. Eu fui na casa dela pra gente ficar de bobeira. Aí ela deu a brilhante ideia de trolarmos uma colega de classe nossa. Eu aceitei, pois era uma idiota. Ela pegou meu celular e mandou mensagens pra garota como se fosse um desconhecido maluco...A menina se assustou e foi mandar mensagem pra ela, pedindo ajuda, porque elas eram bem próximas. Ela respondeu no celular dela, fingindo que não sabia de nada, e continuou com a trolagem no meu. Aquilo foi se estendendo e eu pedi várias vezes pra ela parar, e quando ela aceitou, acabou piorando tudo. Ela mandou mensagem pra garota do celular dela, fingindo que tinha voltado do banheiro e eu tava fazendo tudo sozinha, às escondidas. A menina ligou chorando e a Gabriela se fez de desentendida. Eu tentei me explicar, mas minha imagem já tava manchada... — expliquei, querendo sumir. — Ela nunca mais confiou em mim da mesma forma.

— Meu Deus, Vivi. Que vagabunda! — Samira exclamou, indignada. — Se bem que era a oitava série...

— Foda-se qual era a série. Ela foi tudo menos amiga, naquele momento. — rebati.

— Ela se desculpou, depois?

— Passaram uns dias e eu tomei coragem pra tirar satisfações com ela. Mas ela continuou com aquela pose de santinha do pau oco, então eu xinguei ela e me afastei.

— Fez bem. Mas isso faz tempo. Ela não deve ser a mesma de antes.

— ...Que raiva. Eu adoro minha vida! — disse sarcasticamente, fechando os punhos pra me controlar.

— Já vi que isso vai dar confusão. — Samira balançou a cabeça.

— O que tão fazendo aí? — Manu apareceu na porta. — Cadê o colchão?

— Eu já vou pegar, Manu. Espera um pouco. — Samira disse primeiro.

— E Vivi, seja legal com a Gabi, ok? Na cozinha você fez um vexame desnecessário.

— O quê? Eu não vou ser-

— Ela vai ser muito legal. A gente já tá descendo. — Samira me interrompeu e logo depois, Manu se retirou. — Tenta engolir essa raiva pelo menos até a garota se adaptar.

— Ela já se adaptou. Fizeram até festinha. Ridículo, sério! — reclamei.

— Teve festinha quando você entrou, também.

— Para de estar certa, sempre, Samira! — afundei minha cabeça no travesseiro, e ela riu.

— Vem, vamo pegar aquela droga de colchão. — ela me puxou pelos braços e eu, com preguiça, fiz o que tinha que ser feito.

e se eu te contar que essa trolagem
realmente aconteceu?
KAKSKKAKSQKNSKANDJQKAKSKKS

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora