parte 13

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ponto de vista: vivi

Descemos o degrau de cimento que era o que separava a rua da areia.

— Que foi? — perguntei à Gabriela, que parecia estar enrolando pra não descer.

— Nada. — ela virou a cara e eu gesticulei como se deixasse pra lá. — É que é muito alto.

— Tá brincando, né? — franzo o cenho e ela revira os olhos. — Gabriela, desce logo.

As outras começaram à nos olhar.

— Bem que você podia me ajudar, né? — a garota abre um sorriso.

Eu seguro a mão dela, que se agarra em mim com força e depois de um século, acaba descendo.

— Viu? Nem doeu. — eu comentei, entre risos, e ela acompanhou.

— Vocês namoram? — Henrique pergunta e só aí me dei conta de que eles estavam prestando atenção.

— Oi? — minha boca falou sozinha.

— Claro que não. — Gabriela negou, quase me interrompendo.

— Ei! — eu disse, indignada.

Talvez tenha passado uma impressão errada.

— Ué, achei que me odiasse.

— E odeio. Mas você negou tão rápido, e eu não sou de se jogar fora.

— Acontece que eu não te namoraria, simples assim. — a menina volta à sorrir, me irritando completamente.

— Legal, eu também não te namoraria. E acredite, eu tô tão chocada com essa pergunta dele quanto você.

— Por que perguntou isso, Henrique? — Gabriela se inclinou pra ficar quase da mesma altura que o menino.

— É que uma hora vocês tão brigando, e logo depois ficam sorrindo uma pra outra. — ele deu de ombros, como se tivesse falado algo coerente. — Só achei.

— Pois tá enganado. Agora vai lá, brincar. Vai. — eu indiquei, e ele foi depois de uns segundos.

Foi só isso acontecer pra eu me sentir intimidada. Melhor me afastar dessa garota o quanto antes, porque se uma criança achou aquilo, pode ser que outras pessoas também achem.

Saio de perto dela e sigo as outras. Paramos debaixo de um guarda-sol grande fixo numa mesa. Laura pegou uma toalha na bolsa e à estendeu na areia, pra se bronzear. As crianças foram pra perto da água com os brinquedos, Manu e Gabriela sentaram e Samira ficou de pé ao meu lado.

— Vamo nadar? — ela me olhou divertida.

— Lógico. — eu aceitei na hora e comecei à tirar meu short.

— Quer ir também, Gabi? — Samira perguntou.

— Quero. — Gabriela também aceitou e nós corremos.

No início ficamos cada uma na sua, nadando como queríamos e indo em direções contrárias. Eu mergulhei mais uma vez e quando tirei a cabeça da água, dei de cara com as duas juntas, vendo algo na mão de Samira.

— Que linda. — Gabriela disse, impressionada.

— O que é? — questionei, olhando pra minha amiga.

— Uma concha maravilhosa. Vou colocar na bolsa, pra não perder. Me esperem aqui! — Samira nadou até a margem, e o que eu temia aconteceu.

Gabriela e eu nos encaramos de novo. Eu afundei meu corpo na água, deixando apenas aparecer a metade de cima do meu rosto.

— Quer achar outra concha, namorada? — ela disse em sarcasmo, dando ênfase na última parte.

Como resposta, eu enchi minha boca e jorrei um jato de água bem na cara dela. Depois disso ela ficou paralisada, em choque. Eu dei risada e me distanciei.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora