parte 40

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ponto de vista: gabi

Júlia não voltou. Pelo menos não até agora, e já se passou quase um dia inteiro. Vivi disse pra gente aproveitar sua ausência, e eu não consegui negar, óbvio. Saudade de quando eu tava mais tranquila em relação à isso.

— Já! — ela disse e nós levantamos nossos papéis. — Um mais feio que o outro.

— Cala a boca! — Henrique se irritou, chegando à quase rasgar seu desenho.

— Vivi só tá falando isso porque não sabe desenhar. — Fabiana comentou rindo, me fazendo rir também.

— Licença, eu sou a juíza. Vocês queriam assim, não queriam? Agora deixa eu ver aqui, com detalhes.

Entregamos nossas obras de arte e Vivi observou com atenção. Reparei em seu cabelo escuro, preso num rabo de cavalo alto. Ela fica cada vez mais linda.

— E aí, juíza? — perguntei, não contendo meu sorriso.

— E aí, gatinha? — ela sorriu de volta.

Olhei de relance para as crianças e elas estavam sérias. Agora não é um bom momento pra flertar.

— Qual desenho venceu? — fui direta ao ponto.

— O seu, óbvio. — Vivi levantou meu papel, balançando-o de forma divertida.

— Assim não vale! Só porque vocês são namoradas? — Fabiana fez um bico indignado.

— Claro. Pelo que mais seria? — Vivi brincou.

— Talvez pelo meu desenho ser incrível? — arregalei os olhos.

— Isso também. Aprendam, projetos de gente: é assim que se faz um castelo. — a morena apontou.

— Ficou bonito mesmo. — Henrique encolheu os ombros.

Uma hora se passou e outras garotas apareceram, chamando a gente pra ver as roupas novas que compraram. Aceitei de primeira, pois queria me ocupar. Foi bem entediante, pra ser sincera.

— Quer geleia de morango ou de framboesa? — Vivi tirou as duas opções da geladeira.

— Vou misturar as duas. — preparei nossas torradas no prato.

Enquanto comíamos, conversamos sobre a Laura. Depois o assunto migrou pra algo totalmente diferente, e no fim, lá estávamos nós, rindo das situações constrangedoras que passamos quando éramos crianças.

— Achei vocês. — uma garota apareceu apressada na cozinha, fazendo Vivi quase engasgar.

— Que foi? — perguntei.

— A Júlia chegou. — ela disse de uma vez. — E não tá sozinha.

— Lá vem. — Vivi revirou os olhos e foi a primeira à se levantar.

Chegamos na sala e estavam todas reunidas, com exceção das crianças. Ao lado de Júlia, uma mulher mais velha e com um semblante misterioso em seu rosto. Ela se apresentou como Dora, a dona da pensão.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora