parte 25

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ponto de vista: vivi

Chegando na cozinha, encontrei os caras comendo e bebendo.

— E aí, Vivi? — Guaxinim foi o primeiro à notar minha presença. — Quer alguma coisa?

— Cadê a Gabriela?

— Ela foi no banheiro. — Calango respondeu.

— Ah. — me apoiei no balcão.

— Tudo bem? — Felps perguntou.

— Podia estar melhor. Tem cerveja? — me aproximei.

— Aqui. — Cellbit me entregou uma garrafa, e eu à abri com pressa.

Dei o primeiro gole e fiz uma careta. Os meninos puxaram assunto comigo, me perguntaram como era morar com a Gabi, se a gente se dava bem, etc. Não consegui mentir, então tive que falar a verdade. Ou parte dela. Disse que a gente já se desentendeu mais, porém agora estamos nos dando relativamente bem.

Virei a cabeça e vi a própria passando pelo corredor, então fui atrás dela.

— Ei. — a chamei.

— Oi, Vivi. — ela parece mais tranquila.

— Tudo certo? — disse antes de bebericar a cerveja.

— Sim, eu só tava com uma dorzinha de barriga. Mas já passou.

— Então, o que quer fazer? — sorri, me sentindo estranha.

— Sei lá. Você já comeu? — ela pôs a mão na cintura.

— Não. Nem to com vontade, agora.

— Então...Vamo atrás das meninas. Vem. — ela estendeu sua mão e eu à entrelacei com a minha.

Conversamos com as outras e graças à Deus elas deixaram aquele assunto de lado. Gabriela parecia mais de boa com a situação, e eu fiz o máximo pra disfarçar minha atração e admiração pela sua bela aparência. Aquela roupa parecia ter sido feita pra ela.

Depois de um tempo, os meninos voltaram pra sala com cervejas, sucos e as pizzas. Nos juntamos todos e ficamos aproveitando aquela data especial. Triz colocou seu novo colar no pescoço e fez Samira tirar uma foto com a polaroide dela.

Fora as garotas, o que mais me dei bem foi o Guaxinim. Rafael, no caso. Ele me fez perguntas criativas e nós ficamos um tempão falando sobre coisas que temos em comum e gostamos igualmente.

Tanto que eu mal cogitei que os outros pudessem estar observando, ou sequer se incomodando com aquilo.

As horas passaram e alguns trios e duplas se dividiram pra conversar, comer, beber ou ver televisão. Fui no banheiro e depois dei uma passada na cozinha, pra pegar um último pedaço de pizza, caso tenha sobrado.

Abri as caixas, mas estavam todas vazias. Não demorou muito pra alguém adentrar o cômodo.

— Tá procurando alguma coisa? — Guaxinim disse, com uma caixa de pizza na mão.

— Só vim ver se sobrou uma fatia.

— Aqui tem duas. — ele abriu a tampa e deu passos à frente.

— Ainda bem. — ri e peguei uma, dando uma enorme mordida em seguida. — Minha fome é de cavalo, sério.

— Eu entendo perfeitamente. — ele riu também, e pegou o pedaço que sobrou, deixando a caixa em cima da mesa com as outras.

Voltamos juntos pra sala, ainda rindo. Todo mundo nos olhou como se fôssemos dois palhaços. Mas eu reparei no olhar de uma pessoa só: Gabriela. Ela parece irritada pra caralho.

Me acomodei no meio dela e de Maethe. A garota levantou segundos depois, e eu me perguntei mil e uma coisas mentalmente. Bati os olhos em Triz, e ela estava com a mesma cara que eu.

Levantei também e segui a irritadinha. Acabamos parando no quarto da dona da casa.

— O que foi? Já disse que tá tudo bem. — ela falou, sentada na cama, de costas pra porta.

— Não parece. — me sentei ao seu lado. — Mas acho que já sei o que tá acontecendo.

— Tá falando do que? — ela juntou as sobrancelhas.

— Você com ciúmes de mim e seu amigo.

— Aparentemente agora ele é seu amigo, também. Mas isso não tem nada a ver.

— Ah, não? Então fala o que é. Você me convida pra vir e fica assim?

— É só que... — Gabriela parece ter perdido as palavras. — Nada. É besteira.

— Tá com medinho de contar a verdade? — empurrei seu ombro de leve. — Você não me engana, Bagizinha.

— Não começa... — ela termina rindo, nitidamente envergonhada.

— Já comecei. — faço cócegas nela, que tenta segurar minhas mãos pra que eu pare. — Diz, diz, diz.

— Tá bom, tá bom! — a garota finalmente consegue fazer eu parar. — Eu vou dizer.

— Tô esperando. — cruzei as pernas e fiz pose de aguardo.

— Você tá muito bonita, hoje. — ela diz, e eu paraliso, torcendo pra que isso não seja tudo.

— Quê? Sabia que ia enrolar. — balanço a cabeça em negativo.

— Entenda como quiser. Mas eu já falei. — ela levanta as mãos, em rendição.

Olhei-a de cima à baixo, e vi que não me aguentaria por muito tempo. Permanecemos nos olhando, olho no olho e com expressões esquisitas. Quase como se quiséssemos dizer a mesma coisa. Bizarro.

Mas que se foda.

Seguro sua nuca e colo nossas bocas. Segundos depois, nos separamos por poucos centímetros e Gabriela me olha surpresa.

— Sério? — ela sussurra, ainda naquele contato visual.

— Sério. — sorrio de canto, e ela me puxa com força pra reiniciarmos o ato.

Foi tão viciante que por mais que interrompêssemos de vez em quando pra respirarmos, não era o bastante pra que aquilo acabasse. Sei lá o que me deu na cabeça, mas se tem uma coisa que não me arrependi dessa noite, foi ver o sorriso sapeca de Gabriela assim que saímos do quarto da Triz.

Bem assim, duas amigas comuns, agindo como se nada tivesse acontecido.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora