parte 33

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ponto de vista: vivi

Gabi e eu fomos na minha confeitaria favorita. Tem um tempo que não ia até lá, então fiquei bem feliz.

— Você tem que provar essa bomba de chocolate. — falei olhando pra garota de olhos azuis, que permanecia admirando a vitrine.

— Tá bom. Mas eu também vou querer um rocambole de beijinho. — ela entrelaçou sua mão na minha e eu percebi o quão próximas estávamos.

— Inteiro? — arregalo os olhos.

— É, pra dividir com as crianças e a Laura. — achei esquisito ela ter mencionado só a Laura além dos pirralhos, mas fiquei quieta.

Fizemos os pedidos e saímos da loja com os pacotes em mãos. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, e eu as balancei pra frente e pra trás, fazendo Gabriela rir.

— Você acha que a Laura tá estranha, ainda? — questionei-a, ligando os pontos.

Ela deve estar preocupada com aquilo até agora. Eu também tô, devo confessar.

— Mais ou menos. Depois que você me contou da versão que ela te disse, que tava só exausta...eu comecei a teorizar várias coisas. Só que aí os dias passaram e eu notei que ela ficou mais leve e tranquila...

— Mas...? — alonguei a palavra, pedindo pra ela concluir.

— Mas eu sinto que tem algo acontecendo.

— É, eu também. Ela faltou o trabalho ontem.

— Sério? — Gabriela ficou surpresa.

— Aham. Curioso, porque ela é toda certinha. Achei que soubesse.

— Não sabia, não. Temos que conversar com ela.

— Até parece que ela vai dizer... — balancei a cabeça em negativo.

— Não dá pra gente ficar parada esperando o pior acontecer, né?

— Eu sei, mas se realmente algo "pior" tá pra acontecer, as últimas pessoas pra quem a Laura contaria somos nós. Talvez a Manu saiba. Elas são bem próximas.

— Claro! Sim! — ela me abraçou forte, quase amassando as sacolas. — Você é tão inteligente.

— Para de mentir, Gabriela! — exclamei, desacreditando.

Inteligente é uma coisa que eu definitivamente não sou. Tá, talvez um pouco. Acho que preciso de terapia.

— Não tô mentindo, sua chata. Mas tudo bem, se não quer receber elogios, vou te chamar de burra daqui pra frente. Pode ser?

— Eu discordaria, mas isso soou sexy na minha cabeça. Então pode, sim.

— Você é tão burra. — ela reformulou a frase, dando um sorriso enorme e fazendo cara de apaixonada.

— Oh, querida! Me beije! — engrossei a voz e segurei seu rosto.

Ela gargalhou e tomou a iniciativa de me beijar. Caramba, quando passamos da fase "eu te odeio" pra essa gayzisse aguda?

Voltamos pra pensão e eu convenci Gabriela de comermos os doces antes de falarmos com a Manu, ou a Laura. Aproveitamos tanto o momento, que nossas bocas se sujaram mais do que deveriam.

Nem precisei sair da cozinha, pois Manu apareceu de repente enquanto Gabi lavava as mãos.

— Manu! — chamamos ela ao mesmo tempo.

— Deixa que eu falo. — grunhi pra garota.

— Não, eu falo. — ela grunhiu de volta.

— Abram a boca e falem! — Manu resmungou, e eu desisti de me prontificar à entrar no assunto.

— Manu, você sabe se tem alguma coisa acontecendo com a Laura? — Gabriela disse, após enxugar suas mãos e se apoiar na mesa.

— Por que?

— A gente acha que ela ficou estranha depois daquela consulta no médico.

— Qual? Porque ela foi no médico várias vezes nos últimos dias.

— Sério? — arregalo os olhos.

— Sim. Mas ela não me disse o motivo. Simplesmente falou que quer se cuidar pra não ficar doente. — Manu explicou, dando a entender que não suspeitava de nada.

— Mas...Isso é estranho. — comentei.

— Muito. Eu vou falar com ela. — Gabi esperou nós assentirmos com a cabeça pra sair da cozinha.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora