parte 39

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ponto de vista: vivi

Voltamos pra casa sem parar de rir um segundo. Assim que entramos, começamos à nos beijar loucamente.

— Meu Deus?! — me separo de Gabriela ao perceber que não estamos sozinhas.

— Vocês tão juntas? — a sala tá cheia de mulher e uma delas perguntou de boca aberta.

— Que máximo! Sempre soube... — outra joga o cabelo, convencida.

— Não estamos juntas. — Gabi negou com a cabeça e eu tirei minha mão da dela.

Todas nos olham.

— Ah, não? — encarei ela me sentindo uma palhaça.

— Claro que não. Estamos mais que juntas, estamos grudadas, coladas e inseparáveis... — ela me abraçou forte e encheu meu rosto de beijos.

— Meu Deus, socorro. — murmurei, no fundo adorando aquilo.

As meninas gritam em comemoração e eu puxo Gabriela pra subirmos as escadas e ficarmos longe dessas doidas que mal nos conhecem.

De volta no nosso quarto, sentei em frente a escrivaninha e coloquei uma música pra tocar no meu celular. A garota de olhos azuis começou à dançar de uma forma que com certeza a intenção não era me seduzir, mas causou o efeito contrário.

Meu coração tá quase saindo pela boca.

— Você tinha razão, a Laura tá bem melhor. — ela se aproximou, pondo as mãos nos meus ombros.

— Pois é, eu disse. — sorri. — Mas calma que ainda não acabou. Ela mesma disse que ainda tem bastante tratamento...

— Eu sei, mas tô feliz de ter pelo menos conseguido ver ela. E as crianças, elas ficaram tão felizes.

— Ainda bem que a Manu percebeu que concordar com a Júlia é quase como cometer um crime. — resmungo. — Estamos salvas.

— Certeza? A "representante" com certeza tá muito puta com a gente, agora. — Gabriela gargalhou.

— Mas a casa tá do nosso lado. Todas nos amam. — mordi o lábio, vitoriosa.

— Notável. Quase estouraram meus tímpanos só por saberem que estamos juntas.

— Epa, epa, juntas não! — levantei e segurei-a pela cintura. — Coladas, grudadas, inseparáveis e sei lá mais o que! — chacoalhei seu corpo e ela não se aguentou de tanto rir.

— Para, foi uma piada muito boiola. Tô com vergonha, agora. — Gabriela me olhou nos olhos.

— Não fique. Eu gostei. — beijo o canto da boca dela, e a menina segura meu rosto pra prolongar o ato.

Ficamos o resto do dia de bobeira, sendo extremamente melosas. Não quis deixar nítida minha leve preocupação, mas prevejo que uma confusão enorme tá pra acontecer assim que a bruxa voltar.

Bem que ela podia seguir seu costume de sempre e não voltar.

Pulei do sofá ao ouvir a porta ser destrancada. Só estávamos eu e outras duas meninas na sala, e elas também se assustaram.

— Ah, são só vocês. — suspirei aliviada ao ver Manu e as crianças entrarem.

Os pirralhos se jogam no sofá e Manu sinaliza com a mão pra eu segui-la. Vamos até a cozinha e ela coloca sua bolsa na mesa antes de falar.

— Vivi... — ela mexeu no cabelo.

— Fala. Cadê a Júlia? Ela não vai vir soltar os cachorros?

— Discutimos muito lá no hospital. Ela não queria que você e a Gabi vissem a Laura, ainda mais levando as crianças junto.

— Tá, eu já imaginava. E daí?

— Eu tentei explicar e defendi vocês o máximo que pude. Ela disse pra eu esquecer o assunto por hora e depois não falamos mais sobre.

— Ela vai ficar no hospital? — arregalei os olhos.

— Quando eu saí ela tava lá, cochilando perto da Laura. Aparentemente não virá aqui tão cedo.

— Mas que notícia boa! — minha alegria é nítida, quase esperneei em comemoração.

— Calma, também não vamos cantar vitória antes da hora. A gente não sabe o que ela pretende depois daquilo, se é que pretende alguma coisa. Júlia tava muito brava...

— Pois a Júlia que vá pra casa do-

— Vivi! — Manu me repreendeu.

— Ai, desculpa! — fiz uma careta, fingindo ofensa.

— Gente, o que houve? — Gabi apareceu, provavelmente ouviu meus gritos.

— Eu te amo, é isso o que houve. — beijo ela com vontade, deixando-a sem palavras.

— Então vocês estão namorando? — Manu apontou pra nós, segurando um sorriso. — Ou ficando, como dizem por aí?

— Não sei. Pode responder pra mim, meu amor? — Gabriela me fitou, nossos rostos ainda próximos.

— Eu? — perguntei inocentemente.

— Ah, entendi. É recente, porque ainda nem pensaram nisso, né?

— ...Isso! — respondemos ao mesmo tempo.

— Tá bom, meninas. Eu vou resolver umas coisas, aproveitem esse amor todo. — Manu saiu depois de pegar sua bolsa e tocar rapidamente no ombro de Gabi.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora