parte 28

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ponto de vista: vivi

Fazem duas semanas, e eu ainda me questiono internamente o que merda estou fazendo. Mas pra infelicidade da minha mente, meu corpo só se entrega mais e mais. E mais e mais, e mais, e mais.

Ah, e mais.

Adoro domingos, pois não tenho que trabalhar. O lado ruim geralmente era ficar sem fazer nada em casa, mas agora eu tenho vários planos. Planos os quais não planejo, eu simplesmente faço.

— Pelo amor de Deus, isso é macarrão ou uma papa de bebê? — Gabriela deu risada ao ver minha comida dar errado.

— Eu disse que era melhor você fazer. — dei de ombros, jogando o peso nas costas dela.

— Agora já era. Se a gente desperdiçar, Manu vai cair matando em cima de nós.

— É só não contar pra ela.

— Não sou boa guardando segredos. — a garota de olhos azuis disse com convicção.

— Tô confusa com o que a gente tem feito até agora... — coloquei a mão no queixo, fazendo uma expressão de reflexão.

— Tá bom, você tá certa.

Desliguei o fogo e despejei o macarrão (papa) no escorredor. Gabriela preparou o molho, e nós colocamos salsichas, tempero e uma quantidade pequena de azeitonas.

— Até que não ficou tão ruim. — comentei vendo o resultado final.

— Claro. Comigo ajudando... — ela moveu o corpo, convencida.

— Humilde você, né? Nem parece que fica toda tímida quando eu-

— Já entendi, Viviane. — ela me interrompeu, tampando minha boca com sua mão e segurando a risada. — Vamo comer?

— Vamo.

Sentamos na mesa e comemos. Assim que terminei meu prato, fiquei com mais vontade e decidi repetir. Não demorou muito pra alguém aparecer. Quem dera se essa casa fosse só minha, ou nossa.

— Nem me chamaram, né? — Samira se aproximou de braços cruzados.

— Você não tinha saído? — Gabi perguntou.

— Não. Só tava no jardim, tomando um ar.

— Tendi. — falei.

— E se a gente fizer uma festinha do pijama hoje? Podemos dormir todas juntas. — Sami propôs, e nós nos entreolhamos.

— Seria legal, mas não temos mais treze anos. — beberiquei a minha água.

— Cê tem compromisso?

— Sim. — Gabriela e eu falamos ao mesmo tempo.

— As duas tem...? — Samira apontou pra gente.

— Eu vou resolver umas coisas de live a noite toda. Infelizmente. — Gabi disse.

— E você, Vivi?

— Eu vou dormir. É, dormir a noite toda. Tô bem cansada. — inventei a pior desculpa dos últimos tempos.

— Mas...

— Desculpa a gente, Samira. Outro dia marcamos alguma coisa, tá? De preferência, algo que seja bem divertido, pra fortalecer ainda mais a nossa amizade.

— Tá bom. — Samira concordou e saiu meio desconfiada.

— Que merda de justificativa foi aquela? — Gabriela resmungou baixo.

— Não consegui pensar em mais nada. — respondi com a boca cheia. — Aliás, a Samira me conhece. Ela sabe que meus compromissos são baseados em desleixo e preguiça.

— Sei. — ela balançou a cabeça em negativo.

— Vai ficar com essa cara o resto do dia? — questionei e ela arregalou os olhos.

— Depende... — ela deu um sorriso de canto.

— Lá vem. Do quê? — franzo a testa, esperando qualquer coisa.

Gabriela levantou as sobrancelhas rapidamente, num gesto sugestivo. Eu abri a boca fingindo surpresa e a garota me fitou maliciosamente.

borboletas [gabi cattuzzo]Onde histórias criam vida. Descubra agora