ponto de vista: vivi
Valentina não olhou na minha cara desde que chegou. Tudo bem, nunca fomos as melhores amigas do mundo, mas não responder um simples "boa tarde" é demais.
— Atende, que eu vou no banheiro. — ela disse quando o telefone da floricultura tocou duas vezes.
Suspirei e atendi.
— Alô. — nem lembrei de falar roboticamente, como o seu Ronaldo pedia.
— Oi, vocês estão abertos hoje? — ouço a voz de uma moça do outro lado da linha.
— Sim, até as seis e meia. — respondi.
— Eu queria comprar um buquê de rosas brancas pra minha amiga.
— Ok, tem ideia da quantidade de rosas que quer?
— Meia dúzia tá bom, eu acho.
— Vai encomendar? — preparei o bloco de notas pra anotar as informações.
— Não. Melhor eu ir aí diretamente. Espera um segundo...
Eu esperei, e de repente Gabriela apareceu na porta, fazendo uma pose engraçada e com seu celular na orelha. Abri minha boca, à procura das perguntas certas, mas não consegui falar nada.
Coloquei o telefone em seu lugar, e ela se aproximou do balcão.
— Deu pra passar trote, agora? — brinquei.
— Trote? Não sei do que você tá falando. Eu só vim mesmo comprar um buquê. — a garota olhou em volta do lugar.
— Ah, é? E pra quem? — entro na onda.
— Pra Triz. O aniversário dela é amanhã.
— Não sabia.
— Então, vai preparar o buquê ou não? — ela levantou as sobrancelhas.
— Só porque eu gosto bastante da Triz. E do meu salário contadinho no fim do mês... — comentei, fazendo-a rir.
Preparei o buquê de rosas brancas e ainda adicionei um cartão pequeno. Depois de pagar, Gabriela escreveu um recado nele e nós colamos na embalagem.
— Gostei. — ela falou com o presente em mãos.
Nos últimos dias, nossa relação deu uma considerável melhorada. A gente ainda implica uma com a outra, mas também temos nossos momentos de paz. Como agora.
— Talvez eu compre um presente pra ela, também.
Assim que eu terminei de falar, Valentina retorna e fica em silêncio.
— Tipo o quê? — Gabriela perguntou.
— Não sei. Um colar, uma pulseira...
— Melhor decidir logo, pra entregar na comemoração que vai ter na casa dela.
— Então vai ter comemoração?
— Vai, você tá convidada. Samira também.
— E a Triz sabe disso? — provoquei.
— Sabe, foi ela que mencionou a Samira.
— Só a Samira? E eu? — coloco a mão no peito, fingindo ofensa.
— Ela achou que a gente estivesse brigada, por isso. Mas como não é verdade, você pode ir. — Gabriela sorriu meio envergonhada.
— Entendi. — eu disse, alongando a palavra em tom de desconfiança e malícia.
— Chega de conversinha, né Viviane? Você tá aqui pra trabalhar. — Valentina me olhou com ódio.
Pude ver Gabriela arregalar os olhos.
— Ô, sua azeda. Ela é uma cliente. — rebati.
— Tá mais pra sua peguete, isso sim. — ela resmungou, totalmente ríspida, como se eu tivesse arruinado todos os sonhos dela.
— Mano... — a de olhos azuis desviou o olhar, parecia mais envergonhada que antes. — Melhor eu ir. A gente marca melhor, depois.
— Certo. — respondi e ela se foi. — Valeu por isso, Valentina. — olho pra minha colega de trabalho.
— O quê? Você tava quase comendo a menina com os olhos, e agora a culpa é minha?
— Eu? Mas que absurdo! Você tá louca? — exagerei na hora de negar. Eu podia ter dito um "não".
Agora ela só ficou mais convencida do que disse.
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borboletas [gabi cattuzzo]
Fanfictiononde viviane mora em uma pensão e a nova moradora é sua ex amiga, gabriela.