parte 12.

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"Passou-se uma semana. No dia seguinte o clima das mensagens era de pura tensão. Gabriel ficou bem preocupado comigo e começou à perguntar como eu tava constantemente sempre que nos víamos, até que eu fiz uma piada sobre isso e ele revirou os olhos rindo.

Depois ficou tudo como era antes. Ou quase isso.

Quem diria, né diário? Meu coração ainda bate. Ouso dizer que mais do que antes."

Fechei o caderno e fui até o quarto dos meus pais.

— O que foi, querida? — minha mãe perguntou, sentada na cama ao lado do meu pai, que dorme profundamente.

— Nada. E a Isadora? — falei completamente incerta do porquê vim aqui.

— Ela vai passar esse fim de semana na casa da tia de vocês. Eu te disse ontem, esqueceu?

— Acho que sim. — senti um leve alívio, o quarto será só meu, mas ainda parecerá um mar vasto e vazio.

— Rosa, espera aí. — Ivana disse antes que eu saísse. Ela tirou dinheiro da sua carteira e levantou pra me entregar. — Pode ir no mercado e comprar um pacote de molho de tomate? Acabou e eu não fiz as compras, ainda.

— Tudo bem. — assenti, olhando pra nota em minhas mãos.

Antes de ir, troquei de roupa. Pus uma bermuda cintura baixa cor preta e uma regata cinza. Depois que saí e tranquei a porta, coloquei a chave em meu bolso. Ao levantar a cabeça, dei de cara com Gabriel, saindo de seu apartamento.

Ele tá com uma camisa cinza e uma bermuda preta quase igual a minha.

— Tá me imitando, sua recalcada? — o garoto brincou, fazendo uma pose estranha e arrancando uma gargalhada minha.

— Nem vem. Eu saí primeiro.

— E isso não prova nada. Onde vai? — ele se aproximou.

— Comprar um negócio que minha mãe pediu. E você? — reparei no seu cabelo recém lavado.

— Ia encontrar uns amigos.

— "Ia"? — levantei uma sobrancelha.

— Pois é, não vou mais. Agora vou te acompanhar. — Gabriel andou determinado até o elevador, e eu o segui.

— Claro, porque a minha companhia supera a dos seus amigos de anos. — debochei.

— Lógico. — ele acompanhou, e quando a porta se abriu, gesticulou pra que eu entrasse primeiro.

Chegamos no mercado e eu fui direto pro corredor certo. Gabriel caminhou ao meu lado, mas de vez em quando pegava umas coisas das prateleiras pra olhar.

— Ela não disse a marca, então vai qualquer uma mesmo... — pensei comigo mesma, pegando o pacote de marca mais genérica que conheço.

— Espera aí, apressada. — o garoto bloqueou minha passagem quando eu me retirava.

— Que foi? — arregalei os olhos.

— Vamo olhar mais. — ele segurou minha mão e me guiou pelo mercado.

— Vai me fazer gastar o dinheiro da minha mãe com o quê? — provoquei.

— Relaxa, eu pago. Sou um cavalheiro, esqueceu?

Gabriel pegou uma cesta e adicionou dois pacotes de Doritos, abacate e limão.

— Vai fazer guacamole? — perguntei.

— Depois. O resto dos ingredientes tenho em casa. Você quer alguma coisa?

— Deixa eu ver... — olhei em volta. — Sei lá, morango.

— Ok, vamos pegar seu sei lá, morango. — Gabriel sorriu e foi até a parte das frutas.

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora