coração inválido [mount]

parte 40.

Acordei bem cedo e saí sem que ninguém soubesse. Gabriel e eu fomos tomar banho de cachoeira com uns amigos. Amigos dele à princípio, mas eles são tão legais que eu agora os considero meus também.

Comemos, conversamos, fui empurrada na água umas vinte vezes, empurrei os outros mais trinta, e assim se passou minha manhã.

Depois do almoço voltamos pro prédio e cochilamos um pouco antes das quatro. Quando chegou a hora, pegamos o necessário pra dar um passeio no shopping. Eu já não tava tão bem.

— Rosa? — Gabriel me pegou distraída quando sentamos numa mesa da praça de alimentação.

— Oi. — tive um pequeno susto.

— O que você tem?

O que eu tenho? Preocupação. Não sei porque exatamente, mas sinto que não sei de muita coisa que ocorre na minha própria casa.

— Nada. Eu só... — suspiro, entristecida.

— É a Isadora? Ela fez alguma coisa?

— Não. Eu acho que não. — começo à mexer nas minhas unhas, minha ansiedade crescendo. — Podemos não falar disso? O dia tá tão bom.

— ...Te amo, sabia? — Gabriel sorriu depois de morder o lábio.

— Desconfio. — brinco, ele gargalha. — Também te amo.

O garoto se inclinou pra me beijar, seus braços apoiados na mesa.

— Eu nunca te machucaria. — ele sussurra, interrompendo o beijo, agora com nossos lábios quase colados. — Desconfia disso também?

— Não. Eu sei. — sussurrei de volta, olhando em seus olhos, enquanto os dele se concentravam na minha boca. Isso até certo momento.

— Eu sei que digo muito isso, mas eu tenho uma surpresa.

— Lá vem. Qual é?

— Só vou contar, ou melhor, mostrar, depois que nós comermos. — Gabriel volta à sua posição de antes.

Comi um pouco mais tranquila. Ainda angustiada, mas certo alguém sempre sabe como me deixar melhor.

— Onde a gente tá indo? — perguntei pela terceira vez enquanto andávamos, até que entramos na livraria do shopping. — Vai me comprar um livro?

— Vamos. — ele sinaliza pra que eu o acompanhe, mas eu permaneço parada. — Vem, Rosa! — deu risada ao me puxar, eu também não me contive.