parte 50.

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— E essa aqui? — ele vestiu uma camisa branca larga de mangas curtas.

— Bonitinha. Mas prefiro a azul, ou a preta. — estiquei minhas pernas na cama.

— Se desse pra vestir as duas... — Gabriel revira os olhos. — Escolhe.

— A preta. — sorri e ele vestiu. — Caramba... — o olhei de cima à baixo, encantada.

— Que foi? Ficou horrível de repente? — o garoto gargalha.

— Cala a boca. Tá perfeito.

— Sei... — Gabriel começa à guardar as outras peças de roupa e depois procurar seu celular.

Vê-lo assim tão arrumado e cheiroso me faz querer que ele fique.

— Que amigo é esse? — perguntei na inocência.

— Ele se chama Alison. É de infância, mas tem um tempo que não nos víamos. — ele se aproximou e me deu um beijo na testa. — Você vai ficar bem? — sussurrou, acariciando meu rosto.

Eu podia dizer a verdade, ou o que devia ser verdade, mas em vez de falar qualquer coisa, o puxei pra perto e colei nossas bocas.

Com Gabriel por cima de mim, percebi que ele não tava resistindo quando sua língua foi mais rápida que a minha. Não sei bem o que senti, mas eu não queria mesmo que ele fosse embora.

— Não... — pedi quando ele se separou um pouco de mim.

— Rosa, o que houve? — Gabriel me olhou nos olhos e como sempre, ele me viu.

Enxergou diretamente a minha alma.

— Nada. Eu só não queria que você fosse. — respondi encarando o colchão.

— Por que? Tá se sentindo mal? — ele se desespera por um segundo.

— Não. — nego rapidamente. — Mas você tem que ir mesmo? Hoje?

— Como assim, hoje? Aniversário só acontece um dia no ano. — Gabriel ri, mas logo fica sério quando percebe que eu não fiz o mesmo. — Eu volto logo. Prometo.

— ...Tá bom. — assenti com incerteza antes de abraçá-lo.

— Vou trazer uns doces pra você. — ele comentou encostando nossos narizes, me fazendo sorrir de leve. — Tchau.

— Tchau. — murmurei vendo o garoto sair do cômodo.

Quando tive a certeza de que ele deixou apartamento, me afundei no cobertor e abracei seu travesseiro. Não pensei que me sentiria assim de novo, já que se passou um tempo.

Como a ansiedade só aumentava, resolvi ir pra cozinha preparar um chá. Quando ficou pronto, eu voltei pro quarto e abri o notebook, pra dar continuidade ao livro.

Aos poucos, a sensação ruim foi diminuindo. Mandei mensagem pra Thalita e tirei umas dúvidas. Ela é muito atenciosa e me respondeu pacientemente. Ao reler o capítulo mais de três vezes, fiquei aliviada pelas coisas estarem dando certo.

Uma hora e meia se passou, o pânico tomou posse do meu peito novamente. Fui pra sala e fiquei trocando de canal várias vezes, na tentativa de me distrair.

Parece até que eu tomei energético em vez de chá.

— Atende, atende... — torci ao ouvir o som da chamada ao telefone. — Porra, Gabriel.

Meu aborrecimento é tanto que eu quase jogo o aparelho na parede. O nó na minha garganta me incomodou tanto que eu não consegui não chorar. Sou muito fraca, vai se foder!

Meu celular tocou e não tinha um nome na tela, mas sim um número desconhecido.

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora