parte 41.

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A livraria além de ser gigantesca, tinha uma especie de quiosque onde os clientes podem tomar café, comer bolos, salgados e etc. Ao lado do quiosque, haviam vários sofás e poltronas, que estavam vazios.

Quase vazios, na verdade.

— Olá. — uma moça mais velha levantou e veio nos cumprimentar. — Então vieram, mesmo.

— Como vai, Thalita? Essa aqui é a Rosa, que eu te falei por telefone. — Gabriel falou com ela naturalmente, enquanto eu só fiquei cada vez mais perdida. — Calma amor, é uma surpresa boa, como as outras. Pode ficar tranquila. — ele fez carinho nas minhas costas quando eu apertei a mão da mulher.

— Deixa que eu falo, Gabriel. — Thalita disse sorrindo sem graça. — Rosa, eu faço parte de uma editora. Essa editora é parceira aqui, e o seu namorado me falou que você gosta de escrever histórias. Que já criou várias incríveis...

— É, pois é. — confirmei, engolindo seco. — Bom, agora eu não tenho mais elas.

— Mas ela escreveu outras. Né? — o rapaz ao meu lado disse, me apoiando. — A última tá perfeita.

— Para, não é tudo isso... — balancei a cabeça.

— Vamo fazer assim: outro dia você vem aqui e me traz essa história. A gente lê e eu te digo minha opinião sincera. Não acho que o Gabriel mentiria sobre isso, hein?

— De onde vocês se conhecem? — pergunto.

Eles me contaram sobre sua relação. Thalita já foi noiva de um tio de Gabriel. Mesmo com a separação, eles sempre se deram bem, apesar de não se verem muito. Como tia e sobrinho.

Ela disse que tava procurando novos autores, especificamente da minha idade, que gostariam muito de começar uma carreira. Se fiquei animada? Bastante. Parece até mentira. Eu juro que acreditaria que fosse se isso não tivesse me acontecido.

Depois de confirmar meu retorno, nos despedimos.

— Eu sei que você disse que queria fazer as coisas por si mesma, mas eu não me aguentei. Precisava agarrar essa oportunidade...

— Tudo bem.

— Prometo que agora vou te deixar caminhar com seus próprios pés, tá? — ele me abraçou e eu depositei um beijo em sua bochecha.

— Mano, eu não sei nem o que falar... — tento raciocinar e pensar em algo que não tenha a ver com essa "oportunidade".

Uma baita oportunidade.

— Tá feliz?

— Muito. E isso me assusta. — arregalei os olhos.

— No começo é assim mesmo. Você tá crescendo, menininha. — ele me empurrou de leve com o quadril.

— Para! — gargalhei, o empurrando de volta.

Já no apartamento de Gabriel, passamos mais um tempinho juntos, conversando e planejando as coisas.

— Até amanhã. — ele me levou no colo até a porta, ainda fechada.

— Até amanhã. — respondi, pisando no chão novamente.

Girei a maçaneta e saí sem perceber uma coisa. Ou melhor, alguém.

— Oi, Rosa. — Marcelo descruzou os braços, ele parecia estar ali aguardando há tempos. — Aproveitou o dia com seu namoradinho?

Eu o encarei sem reação, não sabia o que dizer, o que fazer. Ele sabe. Agora ele sabe!

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora