Abri os olhos e me vi num quarto que não era meu, numa cama maior e diferente da minha. Ao me mexer um pouco, senti o corpo do garoto bem próximo.
Dormimos juntos, minha cabeça por cima do peito de Gabriel e seu braço me envolvendo.
Dei um sorriso genuíno.
— Tudo bem? — ele perguntou quando despertou devagar.
— Tudo. — respondo, o abraçando. — Ontem foi...eu passei mal. Desculpa.
— Não peça desculpa, Rosa. Você não tem culpa nenhuma, entendeu? — Gabriel segurou meu rosto, pra que ficássemos cara à cara.
— Entendi. — confirmei, afim de esquecer aquele vexame.
Porém acabo lembrando de outra coisa. Algo mais importante, creio eu.
— O que foi? — ele estranhou quando eu mudei de posição, ficando sentada.
— Eu to bem atrasada, porque passou muito de uma da manhã. — coloco a mão na testa, querendo rir. — Tô fodida.
— É, seus pais não vão gostar nada... — Gabriel balançou a cabeça. — O que vai fazer?
— Nada. Não quero voltar agora.
— Tá falando sério? — ele se aproximou, de olhos levemente arregalados.
— Sim. Vou fazer o que realmente quero. Depois me viro com eles. — dou um sorriso de canto.
— E o que você realmente quer...? — o rapaz arrumou uma mecha do meu cabelo.
— Passar o dia todo com você. Aceita?
— Não tem como eu não aceitar. — ele encostou nossos narizes, posteriormente me dando um selinho. — Mas, olha...
— O quê? — observo Gabriel pegar meu celular.
— Uma ligação. Pra não preocupar ninguém. — estendeu o aparelho pra mim.
— Isso vai preocupar eles ainda mais.
— Não. Vai, Rosa, por favor. Não quero sua família espalhando cartazes de desaparecimento pelo prédio, pra depois te acharem aqui e me acusarem de alguma coisa.
— Cê foi longe agora, hein? Tá com tanto medo, assim? — provoco.
— Medo de te afastarem de mim pra sempre? É, bastante. — ele fez uma cara convencida, e eu finalmente peguei o celular.
Chamou uma, duas, três vezes, nada. Decidi desligar e ligar novamente.
— Rosalinda? — escutei a voz da minha mãe.
— Oi. — tentei não soar aborrecida.
— Onde você se meteu?! Não voltou pra casa até agora!
Ah, mas cê jura?
— O passeio prolongou e como ficou muito tarde, minha amiga pediu pra eu dormir na casa dela. — me surpreendi por ter pensado em algo tão rápido.
— E onde é? Diga, que eu te busco.
— Na verdade, eu volto depois. Ainda hoje, prometo.
— Rosa, minha filha... — ela suspirou. — Fico feliz que esteja vivendo de verdade, depois de muito tempo. Vou aliviar dessa vez, ok? Pelo menos ligou avisando. Tarde, né? Mas ligou.
— Valeu, mãe. — fiz um sinal positivo pra Gabriel.
— Aproveite o dia. E trate de voltar ainda hoje, senão mando seu pai te buscar onde quer que seja!
Imagino ele revirando o bairro inteiro sem se dar conta que eu estou no apartamento da frente.
— Pode deixar, chata. — sussurrei a última parte. — Tchauzinho.
— Tchau.
Após finalizar a chamada e por o celular de lado, relaxo meus ombros e fito o garoto à minha frente.
— E aí? O que faremos primeiro? — ele perguntou, com um olhar divertido.
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coração inválido [mount]
Fanfictiononde rosalinda gosta de escrever e gabriel gosta de viver.