parte 25.

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O encarei por um segundo, até que apressei o passo até as escadas. Estava tão preocupada em não falar com ele que não quis esperar o elevador.

— Rosa! — ele me seguiu na mesma velocidade e segurou meu braço.

Ficamos frente à frente de novo.

— O que foi? — perguntei séria, o garoto me olhou surpreso. Nervoso, também.

— Eu que te pergunto. Você só foge de mim. — sua mão permanecia em meu braço e eu observei aquilo em choque.

— Gabriel, eu não posso te ver. — disse de uma vez. — Não mais.

— Não pode ou não te deixam?

— Oi? — arregalei os olhos.

— É, eu liguei os pontos. O que sua irmã te disse?

— Nada, eu só... — minha mente deu um branco. — Não podemos ser amigos. Eu sou muito complicada-

— Rosa, me escuta. — ele moveu sua mão e à levou até minha nuca. Seus olhos azuis me fitando intensamente. — É difícil viver desse jeito, pelas sombras de outra pessoa, alguém tóxica, que só pensa em si mesma...Mas não é irreversível.

— Você não entende. — meus olhos arderam e eu pude senti-los se encherem de lágrimas.

— Não. Mas eu me importo com você. Até mais do que deveria. — seu tom se tornou suave e rouco. — Rosa, você não pode se deixar abater. Não pode desistir e se entregar assim. Sabe o que eu pensava toda vez que você me falava que não tava bem?

— ...O quê? — uma lágrima desceu e ele a enxugou com seu dedo.

— Que você era a pessoa mais forte que eu já conheci. Era e ainda é. É nessa força, Rosa, que você tem que focar. Adoraria ser o alguém que te faz enxergar a beleza da vida, mas esse alguém precisa ser você mesma.

Nossos rostos bem próximos e eu paralisada, com meu olhar trêmulo.

— Eu... — suspirei antes de morder o lábio, insegura.

— Me diz que você sente isso também. Porque eu sei que sente. Rosa, eu...eu gosto muito de você. — Gabriel suplicou, tive a sensação de que ele me beijaria à qualquer momento.

— Eu tenho que ir. — completei minha frase de uma forma que não queria.

Não mesmo.

Desci os degraus e o rapaz ficou lá, parado. Chegando na frente do prédio, parei um pouco pra me recompor. Em um momento, um carro se aproximou e a janela do motorista se abriu.

— Oi, você é a irmã da Isa, né? — a mulher perguntou, eu confirmei com a cabeça. — Ela já tá descendo?

— Não s-

— Tô aqui! — ouvi minha irmã andar por trás de mim. — Gostei, irmãzinha. Quando eu voltar, trago suas páginas. Beijo. — ela entrou no carro e quando ele se foi, eu caminhei na direção contrária.

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora