— Rosa, você tá aqui? — levantei a cabeça e vi minha irmã adentrar nosso quarto.
— Tô. — respondi, fechando meu caderno.
— Vim pra conversarmos. — ela dobrou sua bengala devagar, posteriormente sentando em sua cama. — Não se preocupe, não é sobre seu drama depressivo de sempre.
— Ah, bom. — disse em sarcasmo.
— O Gabriel se afastou de mim, e eu sei que foi por sua causa.
— Por minha causa? — juntei as sobrancelhas.
— Não se faça de desentendida. Eu sou a cega, óbvio que vou ser a segunda opção. Mas aí é que tá. Somos irmãs, você não devia ser tão egoísta.
— O que quer que eu faça, Isadora? Que eu obrigue o garoto à ser seu amigo?
— Eu quero que você perceba o que tá bem debaixo do seu nariz! — ela suspirou ofegante. — Te conheço muito bem, Rosalinda. Você não gosta de ninguém, de nada. No máximo essa porcaria que escreve o dia inteiro.
— Você não me magoa falando essas merdas. E não, eu não vou me afastar do Gabriel. Pelo menos, não porque você tá pedindo.
— Sério, o que você ganha competindo comigo? — Isadora balançou o rosto em negativo.
— Isso não é uma competição pra mim. Se fosse eu já teria te dito que não foi você que se tornou amiga dele primeiro.
Droga, falei demais.
— Agora disse. — ela sorriu friamente, um silêncio se instalou. — Pensa bem...Você não tem muito à oferecer sendo amiga das pessoas.
— E você tem? — provoquei.
À essa altura já estava aborrecida. Certeza que essa conversa vai permanecer em loop na minha cabeça por dias.
— Eu gosto da vida, eu quero vivê-la. Essa é a diferença entre nós. Mesmo sem enxergar, eu tenho planos e objetivos. Já você-
— Meninas, fiz um lanchinho. Vamos comer? — nossa mãe apareceu, interrompendo a filha mais velha.
— Vamo. — Isadora levantou.
— Eu não tô com fome. — falei, abrindo meu caderno novamente.
— Rosa... — Ivana pronunciou meu nome com preocupação e repreensão ao mesmo tempo.
— A Rosa tem muito o que fazer, mãe. Deixa ela.
Elas saíram do quarto e eu tive vontade de jogar alguma coisa quebrável na parede. Senti as lágrimas descerem quando eu reli uma frase que escrevi outro dia.
"Fingi indiferença, coloquei os fones quebrados e logo em seguida senti que morri por dentro."
Não teve muito a ver com o contexto da vez, mas ainda sim me entristeceu. Ninguém sentiria minha falta se eu fosse embora.
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coração inválido [mount]
Fanfictiononde rosalinda gosta de escrever e gabriel gosta de viver.