parte 37.

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Decidi deixar o caderno na casa do Gabriel, por via das dúvidas. Afinal, eu sei que tá seguro lá.

— Apareceu a margarida! — eu mal fechei a porta da sala e já escutei minha mãe.

Me viro naturalmente, não esperando que teria alguém à mais no apartamento. Ivana tá sentada no sofá junto de Isadora e um homem.

— Oi, mãe. — falei, me aproximando.

— Como foi na casa da sua amiga? — minha mãe perguntou enquanto comia pipoca direto do pacote.

— Legal. Bem legal. — suspirei, sendo honesta.

— Deve ter sido mesmo. Esqueceu até que tem casa. — ela murmurou alto o bastante pra eu ouvir, e os outros dois segurarem a risada.

— Quem me dera. — respondo, prestes à dar as costas e ir pro meu quarto.

— Espera. — Ivana chamou minha atenção. — Deixa eu apresentar, senão vai ficar chato, né? Marcelo, essa é minha filha Rosa. Rosa, esse é Marcelo.

O tal Marcelo e eu apertamos um a mão do outro. Má vontade da minha parte, julgamento mental da parte dele.

— Prazer... — disse em meio ao cumprimento.

— Meu namorado. — Isadora sorriu satisfeita, dando ênfase na frase toda, do jeito que ela sabe fazer muito bem.

Nessa hora eu gargalhei espontaneamente. Foi automático, nem sei se teve um motivo.

— Rosalinda...! — minha mãe grunhiu.

— Foi mal. Eu vou pro meu quarto, tá? — disse me recuperando e posteriormente, me retirando.

Caramba, ela arrumou um namorado bem rápido. Como será que se conheceram? Já que cego ele não é. Aparenta ser quieto, mas se eu for lembrar de todos os ex da minha irmã, com certeza esse deve ser mais um cafajeste.

Tomei um banho e dormi a noite toda. Nem sequer percebi quando Isadora adentrou o quarto. Ainda bem.

Dia seguinte, tive um pesadelo. Mais um daqueles que eu costumava ter quando criança, onde eu tô presa num pula-pula gigante e não consigo parar de pular. Levantei da cama estressada e cansada, como se tivesse corrido uma maratona.

Ao passar pela sala, vi meu mais novo cunhado dormindo no sofá. Paralisei uns segundos, mas logo segui andando até a cozinha.

— Ele dormiu aqui? Por que? — questionei minha mãe, que terminava de assar pães.

— Tava muito tarde pra ele voltar pra casa. Você sabe bem o que é isso, Rosa. Não comece.

— Tá bom. — assenti, vendo um certo sentido naquilo. — E meu pai?

— Trabalhando. E sim, ele sabe do namoro. — Ivana falou em exaustão, como se "adivinhasse" meus pensamentos. — Leve isso aqui pra mesa. Vou acordar o casal. — ela saiu dando pulinhos de alegria.

Que mudança de humor rápida.

Arrumei tudo pro café da manhã e já comecei à comer antes de todo mundo. Quando eles vieram, os pombinhos ficaram cheios de carícias, mãos dadas e tudo.

Se eu não guardasse um tremendo rancor da Isadora, talvez eu ficasse feliz por ela. Mas é impossível.

teorias sobre o marcelo?
tô com uns planos na cabeça já...

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora