parte 42.

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O que fazer agora? Invento uma desculpa? Saio correndo? Não dá, eu moro aqui. Quem devia sair é ele.

— Não vai dizer nada? — Marcelo se inclinou pra frente.

— O que quer que eu diga? — perguntei desviando meu olhar sem parar. — Peraí...a Isadora te contou do Gabriel?

— Lógico. Ela é minha namorada. Me conta tudo.

— Lógico. — repeti a fala dele, com sarcasmo. — Ela te mandou me espiar pelos cantos, também?

— Rosa, não distorça tudo. Você tá agindo pelas costas da sua família, isso não é muito digno.

— E ficar me olhando como um psicopata sempre que eu apareço é digno? — rebato.

— Sua irmã se preocupa com você. Vocês fizeram uma troca. Quase como aquelas promessas de sangue que uns e outros fazem por aí...

— Eu não tenho que ficar aqui ouvindo esse monte de merda, tá? Licença. — tentei abrir a porta da minha casa, mas ele bloqueou a passagem. — Eu vou gritar.

— Isso, grita. Grita que eu conto pra todo mundo do seu namoradinho. — Marcelo sorriu de forma bizarra.

Esse cara tem alguma distorção, não é possível.

— Pode contar. Isso ia acontecer uma hora ou outra. Quanto a Isadora, a gente nunca se deu bem. Se ela me odiar mais ou menos, não faz diferença pra mim. — dessa vez quem cruzou os braços fui eu.

— Ah, é? E seus pais? — ele insiste, seu tom rouco e baixo, parece que está prestes à compartilhar um segredo.

— O que tem? Eles não te conhecem. Por que confiariam tanto assim em você? Aliás, que você é um idiota eu já percebi, mas pra quê participar dos planos doentios da minha irmã?

— ...Eu...

— Sério, ridículo. Sabia que ela tava interessada no próprio Gabriel antes de você chegar? Ou ela não te contou esse detalhe? E você me observando pra controlar minha relação com ele, pra ser a visão daquela patética... — não acredito que consegui colocar tudo pra fora tão rápido. — Fala alguma coisa! — exijo, mas ele parece ter perdido os argumentos. — Então sai da frente, que eu vou entrar. — empurro o imbecil pro lado, mas ele segura meu braço. — Me larga.

— Para de ser idiota, Rosa. Esse cara não gosta de você...! — ele resmunga de olhos arregalados.

— Me larga, agora... — meus olhos se enchem de lágrimas e eu me desespero. — Gabriel! Gabriel!

— Cala a boca. Não chame por ele! Eu te amo. — assim que Marcelo diz essas palavras eu paraliso.

Aos poucos ele me solta.

A porta de Gabriel se abre e quando ele vê a cena, vem até mim e me abraça.

— O que merda aconteceu aqui? — pergunta, olhando Marcelo com fúria e desconfiança. — Rosa, você tá bem? — ele me olhou, mas eu permaneci de cabeça baixa em seu peito.

Não demorou muito pra que meus pais aparecessem, finalmente.

— Mas o que é isso?! — minha mãe questionou.

— Não é nada, Ivana. Eu só flagrei a Rosa saindo da casa dele, sendo que ela foi proibida... — Marcelo disse com pressa.

— Quem é ele? E ainda foi proibida? Por que eu não tô sabendo de nada? — meu pai ficou irritado.

coração inválido [mount]Onde histórias criam vida. Descubra agora