coração inválido [mount]

parte 33.

Quando ele abriu a porta, me joguei em seus braços e nós quase caímos no chão. Gabriel não parava de rir e eu me perguntava se os vizinhos estavam ouvindo aquilo.

Eu aguardei ele me falar qual seria a tal surpresa, mas o garoto me enrolou por pelo menos uns trinta minutos. Ainda tá enrolando, pra ser sincera.

— Não vai falar? — questionei manhosa, deitada na cama de casal dele e sentindo seu nariz tocar minha testa suavemente.

— Amor... — ele alongou a palavra, como num choramingo.

— Você sabe que eu sou ansiosa. — justifiquei, fechando os olhos.

— E por que a pressa? — Gabriel entrelaçou nossas mãos e sorriu.

— Tenho que estar em casa no máximo à uma da manhã.

— Sério? Mas você tem dezoito anos. — ele ficou inconformado.

— Já esqueceu como funciona a família conservadora brasileira? — provoco. — Mas tudo bem se eu me atrasar, eu acho. Por mim eu passava o dia inteiro na sua casa.

— Podemos considerar isso, então... — o rapaz riu maliciosamente antes de roçar nossos lábios.

— Conta, por favor! — supliquei esperneando após longos segundos de carícias.

— Ok Rosa, ok. Mas primeiro eu vou confirmar uma coisa aqui, rapidinho... — ele foi pegar seu celular e passou um tempo lendo algo que não faço ideia. — Pronto. Meu amigo já tá lá. Podemos ir.

— Lá onde? Que amigo? — arregalei os olhos.

— No caminho eu explico.

Descemos pelo elevador e Gabriel me falou mil e uma coisas ao mesmo tempo, as quais eu não prestei muita atenção, mas minha curiosidade só aumentava. Já no térreo, paramos em frente à uma bicicleta.

— Sério? — pergunto querendo rir, quando caminhamos até a calçada.

— Seríssimo. Comprei faz pouco tempo. É mais prático do que um carro ou uma moto. E definitivamente mais barato. — ele subiu e me lançou um olhar aventureiro. — Pode subir, senhorita.

Eu fiz o que o garoto disse e ele começou à pedalar. Não tinha ideia da distância em que estávamos do nosso destino, mas não me preocupei. Apoiei minhas mãos e vi as ruas passarem por mim rapidamente.