PARTE I TRENTINO ALTO-ADIGE - Capítulo 1

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- Meu senhor, - disse Kenan - precisamos encontrar um local seguro para pernoitarmos.

- Tem razão, em breve o Sol irá se pôr.

Não demorou muito para que os homens de Vossa Alteza encontrassem uma casa grande e bem conservada, em uma clareira na floresta.

- Eles estiveram por aqui alteza. - Sedar foi um dos primeiros a observar os arredores.

- Eu também vi os rastros. É provável que os habitantes tenham sido levados prisioneiros e a casa esteja vazia. - O sehzade já há algum tempo vira outros indícios.

O terceiro filho do sultão também estava correto em sua última observação: não havia ninguém nos cômodos e toda a residência tinha sido vasculhada em busca de objetos preciosos.

- Não deveriam ter feito isso - o conselheiro de vossa alteza real sabia que a missão dada à comitiva do primo do príncipe não era aquela.

- Mas fizeram e ambos sabemos que meu pai não irá se opor se esses saques forem produtivos aos cofres e ao harém.

Engin, o conselheiro, calou-se. Sabia que Vossa Alteza tinha razão e como tal atitude desagradava seu jovem senhor.

- Vasculhamos tudo e o local está vazio e seguro! - disse o chefe da escolta de Vossa Majestade.

Por que então, o jovem príncipe, sentia o coração a ferver dentro do peito, incomodado com algo que não conseguia nomear? Confiava em sua guarda pessoal, seu cuidado e eficiência, porém pediu para que verificassem novamente a casa e não se esquecessem do sótão e porão.

- O sótão já vistoriamos, meu senhor. Quanto ao porão, há um cadeado trancando-o, tanto no acesso interno, como no externo.

- Arrombem agora - ordenou Metin enquanto ele mesmo acendeu as tochas para iluminar a escuridão que a noite já anunciava que traria consigo.

Em poucos minutos, uma parte da comitiva real, com Vossa Alteza à frente, desciam as escadarias de madeira que davam acesso ao porão. Era um local grande e lúgubre, transformado em uma espécie de prisão, com algumas celas dispostas ao longo do aposento.

- Parece que o proprietário do local mantinha prisioneiros por aqui - Engin descera muito a contragosto, porque sempre queria estar por perto de um dos possíveis sucessores do sultão de Istambul.

- Verifiquem todas as celas - ordenou novamente Metin aos seus soldados, mesmo sabendo que estavam exaustos da viagem que realizavam há semanas e queriam naquele momento apenas comer e dormir.

- Senhor, há alguém aqui.

Todos correram para a cela em que um dos janízaros mantinha a porta aberta e iluminaram com suas tochas o local.

Foi Metin quem se aproximou da jovem desacordada, inerte pousada sobre um chão coberto de imundície e do qual subia um mau cheiro que levou os homens a cobrir suas narinas com as mãos, enjoados. Todos, exceto o jovem príncipe.

- Senhor, não sabemos porque ela foi colocada aqui. - disse Engin enquanto o príncipe quebrava as correntes que prendiam a jovem.

O SULTÃO E A PRISIONEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora