Tendo Sumru ao seu lado, Clara sultana observava com amor no olhar, a filha de Engin que dormia docemente em seu cestinho, enquanto as mulheres aproveitavam o final de tarde à beira-mar. Ela já fizera a Postura do Príncipe Infinito, ensinada pelo marido no dia anterior, e também a dos Três Círculos, apoiando primeiro o peso do corpo na perna direita, afastando a esquerda e depois ao contrário, rápido demais, como era seu costume devido à impaciência e ansiedade.
Perto dela também estava o sobrinho de Metin, escolhido por ele para ser o futuro sultão, encantado em brincar com a areia molhada, sorrindo e olhando em direção a Clara que pedia à Deus que ele se tornasse tão especial quanto seu marido.
Meryem caminhava ao longo do mar ao lado da mãe do pequeno, concubina do irmão de Metin, agora prisioneiro.
- Você gostará muito de viver aqui. O pai do sultão lhe fará companhia, assim como tia Sumru e os mais leais janízaros do Império.
- Eu sou muito grata ao sultão. - disse sinceramente a jovem - Eu temia mais pela vida de meu filho quando todos na província estavam soltos e tramando uns contra os outros.
A tecelã sorriu. Não fora à toa que Metin escolhera aquele filho específico do irmão para sucedê-lo; além de muito jovem e, portanto, completamente à mercê da influência de adultos, sua mãe era simpática ao sultão, assim, a influência de Metin ficaria gravada na vida do futuro monarca.
- Eu não vejo a hora de irmos para Istambul, disse a mãe do pequeno. Mas sei que não voltaremos com vocês para lá, pelo menos por enquanto.
- Fique tranquila com relação a isso. Na hora certa você e seu filho irão.
É claro que a moça não sabia dos planos futuros de Metin. Apenas os mais chegados à ele tinham conhecimento dos planos. Meryem não confiava muito em Engin, mas sabia que sua presença ali tinha um bom motivo.
Natural das montanhas, Meryem se encantava com o mar. Quando o vira, pela primeira vez, em Istambul, fora ao lado da mãe de Metin.
Naquela época, há muitos anos, elas se amavam secretamente. A mãe de Metin era um espírito livre para todas as experiências e, as amorosas, não eram diferentes. Obrigada pela família a ir para o Harém, uma vez que o sultão ficara encantado com sua inteligência e beleza, nunca deixara de fazer o que bem queria e, pagara com a vida por suas ousadias.
Antes dela ir para o Topkapi, passaram juntas algumas noites e, após o nascimento de Metin, quando se reencontraram, também. Meryem gostava do contato físico com mulheres, mas sentia-se atraída também por alguns homens. Como tinha uma personalidade forte, pertencia a uma família rica e importante, conseguira manter-se solteira, sem grandes problemas.
Depois da morte da mãe de Metin não se envolvera mais com ninguém. Ela sabia que fora por sua causa que a concubina real fora executada.
Mas agora, vendo Metin sultão e feliz ao lado de quem ele amava, sentia o coração abrir-se novamente para o amor.
Tomando a mão da jovem, Meryem e ela regressaram devagar até estarem próximas à Clara sultana.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
Literatura FemininaO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...