Antes do amanhecer, Tia Bahar e Meryem levantaram e iniciaram a preparação do desjejum do casal real. Meryem decidira ficar com os convidados e não em sua casa, para auxiliar as mulheres e principalmente tia Bahar, nos cuidados com o sultão e sua esposa.
Ela havia percebido, em sua estadia no Topkapi, que esse trabalho era simples, pois, tanto Metin quanto Clara se alimentavam com comedimento e, além disso, atendiam grande parte de suas necessidades sozinhos. O que de certo modo, incomodava e impressionava a todos e todas ao seu redor.
Naquela madrugada, ao entrar na espaçosa cozinha, ouviu as mulheres da tribo comentando sobre a simplicidade das vestimentas da sultana.
- Ela poderia estar coberta com os tecidos mais finos e as joias mais raras - iniciou a mais jovem delas - mas prefere utilizar sempre o mesmo tipo de roupa. Uma pena, já que é tão bonita.
- Parece que ela era uma criada quando o sultão a encontrou - destacou sua companheira, pouco mais velha - veja como, ao terminarem as refeições, ela mesma tira as travessas, pratos e tigelas usadas e as coloca aqui na cozinha se não ficarmos atentas!
- Eu, se fosse casada com nosso lindo sultão, só usaria os vestidos e joias mais caras de todo o Império e, minhas criadas, fariam tudo para mim. - a mais jovem das criadas disse com olhar sonhador.
- Meninas - interrompeu-as Meryem nesse ponto - menos conversas e mais agilidade na preparação do desjejum. Hoje, tanto o sultão quanto a sultana tem compromissos muito cedo e, em breve, despertarão.
Não havia muito a preparar, apenas uma bandeja com frutas secas, chá, pão e acompanhamentos quentes. Em breve, tudo estava pronto.
Algum tempo depois, o casal real adentrava na sala de refeições, cumprimentando a todas e sentando-se com o sultão à cabeceira, Clara à sua direita com tia Bahar e Meryem à sua esquerda.
- Obrigada a todas pela maravilhosa refeição - agradeceu Metin às moças ao seu redor que abaixaram os olhos, em um tímido orgulho, felizes com a presença do sultão na tribo.
- Obrigada, meninas! - disse-lhes Clara, olhando para cada uma e percebendo que mal haviam saído da infância. Aquilo a deixou incomodada, pois, Meryem lhe dissera no dia anterior que todas as moças que os serviam estavam noivas.
- Meu amor - Clara iniciou para o sultão que, prontamente, olhou a esposa com amor - eu sonhei que estávamos no Egito, eu você e nossos amigos: Tia Bahar, mestre Nureddin e Meryem.
Meryem sentiu o coração encher-se de alegria ao ouvir que a sultana a considerava como alguém de seu círculo mais íntimo. Aquela era realmente uma grande honra.
- Em breve, seu sonho se tornará real, meu amor - respondeu Metin acariciando as mãos da mulher. - Só acho improvável que mestre Nureddin queira voltar para lá.
Tia Bahar não pode deixar de acenar com a cabeça, rindo e concordando com o sultão.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
ChickLitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...