Quando Metin vislumbrou ao longe sua cidade natal, seu coração até então oprimido pelas preocupações, pareceu romper as cadeias. Estava próximo de, finalmente, rever aquela que era sua vida.
- Vossa Majestade, - iniciou Kenan - vamos seguir viagem mesmo durante à noite?
Já sultão, Metin precisava pensar não somente em si mesmo e em sua Clara; seus homens estavam exaustos das batalhas que há pouco haviam enfrentado. No dia seguinte, antes do amanhecer, prosseguiriam.
- Vamos acampar. - respondeu freando sua Özgürlük que parecia também impaciente para estar em Topkapi.
Em pouco tempo, com a ajuda de todos, inclusive de Metin, o acampamento já preparava a única refeição daquele dia.
Enquanto saboreava o assado, além de seu amor, outros pensamentos vieram à mente do jovem sultão. Antes de sua partida, para aquela missão de combater seus próprios irmãos e consolidar seu poder, recebera a Espada do Islã, na cerimônia de transferência de poder de seu pai para ele.
Naquele dia, que ocorrera há poucos meses, mas que para ele, parecia ter acontecido há muitos e muitos anos, lembrara da história dos filhos de Osman, o fundador do Império Otomano: Osrhan e Alaedin que dividiram o poder e criaram as bases do que viria a ser a grande força político militar herdade por Metin.
O novo sultão sempre se identificara mais com Alaedin e suas funções administrativas do que com o guerreiro Osrhan e desejara, desde criança, que pudesse ser vizir de um de seus irmãos. Mas, o destino lhe fizera escolher outros caminhos.
O lindo céu noturno e a Lua Cheia lhe indicavam que era tempo de colher os frutos de suas primeiras ações como sultão: o estabelecimento de um reinado pacífico e em favor dos mais simples, ao lado da mulher que ele amava.
Ao pensar em Clara, um misto de amor, saudade e culpa fizeram o peito largo de Metin doer. Em sua partida, ela implorara para que pudesse acompanhá-lo naquela missão guerreira, mas como ele poderia levar seu mais precioso tesouro para um campo de batalha em que ele seria o responsável pelo derramamento do sangue de seus irmãos e suas famílias?
Com seus beijos, tentava aplacar as lágrimas que inundavam aquele rosto tão amado e com seus braços conter os soluços daquele peito que continha seu próprio coração. Aceitara ser designado sultão para protegê-la das más intenções dos irmãos.
- Eu vou voltar para você o mais rápido que puder - dissera no seu tom tranquilo que escondia sempre o turbilhão de emoções de seu coração.
- E se não voltar? - Clara ainda guardava na memória o dia em que se despedira dos pais e estes lhe prometeram trazer um livro especial quando retornassem. O que nunca ocorreu.
Metin não respondeu. Mas instruíra mestre Nureddin e tia Bahar para tal possibilidade. Deveriam retirar Clara do Topkapi com os janízaros leais e partirem para a terra dela.
- Eu posso ser útil - continuou seu amor em lágrimas - já aprendi muitas coisas com mestre Nureddin. Remédios para seus soldados.
O sultão segurou as mãos de sua esposa entre as suas e as beijou. Sentia que sua alma não iria com ele. Talvez fosse melhor deixá-la ali com Clara.
- Majestade - Kenan o fez voltar à realidade - estamos prontos para dormir. Já coloquei alguns homens para a vigília.
Metin levantou-se e foi pessoalmente dizer boas palavras à sua tropa de valentes.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
ChickLitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...