Istambul já era visível aos belos olhos verdes de Clara que, mesmo que ainda fraca, mostrava a cada dia mais progressos. Ela estava ansiosa por ver o mar que banhava a cidade mais importante daquela época, sede cultural, política e econômica do Império Turco.
Quando, ainda em sua casa, olhava para as montanhas que rodeavam a aldeia, pensava no que poderia existir além delas. E, com o auxílio dos livros, criava imagens e histórias em sua cabeça. Jamais imaginara que, um dia, ela estaria vivendo uma história tão diferente daquela que seus parentes traçaram para ela.
- Você irá amar Istambul - Metin, tinha a face muito próxima ao rosto da jovem, pois ela estava à sua frente na cela. Ele desejava que ela se apaixonasse por sua cidade e não quisesse voltar à sua casa e terra. Desejava intensamente que ela nunca quisesse partir para longe dele.
Ela sorriu e se aconchegou em seu peito. Clara sentia que, onde ele estivesse, ela queria estar também.
O médico Cem apenas observava os dois amantes com preocupação. Agora que conhecia o filho do sultão mais intimamente, tinha certeza de que não aceitaria nenhum casamento arranjado ou imposição de seu pai ou tio. Na verdade, ele parecia ser governado unicamente por si mesmo.
"Talvez o mestre Nureddin consiga convencê-lo a fazer o que é melhor para o Império" - pensava sem muita convicção. Seu velho professor era o verdadeiro conselheiro de Vossa Alteza, que o respeitava e admirava desde bem pequeno, além de amá-lo como se fosse seu avô ou alguém de sua família.
"Se o mestre não gostar da moça, há uma chance de que o príncipe fique abalado." Mas, era visível a sintonia entre ele e Clara. O companheirismo e a cumplicidade que em pouco tempo construiram juntos.
Cem olhava para eles e sentia falta de sua falecida esposa. Viveram vinte anos felizes, mesmo sem filhos e sua alegria era, após as visitas aos pacientes, voltar para casa e estar junto dela.
Metin sentia falta de algumas pessoas de Istambul e das que o assistiam no Topkapi; mas, sabia que teria que tomar decisões difíceis nesse retorno, não somente com relação a Clara, mas também sobre seu futuro no império.
Ele amava estar à par da situação das pessoas de sua cidade e poder auxiliar a melhorar a vida da população. Sentia que nascera para isso, mas todos aqueles jogos dentro da família real e ao redor, com a nobreza, lhe oprimiam o peito.
Porém, já fazia alguns dias que tomara sua decisão e sabia quais poderiam ser as consequências. De tudo aquilo, a única coisa que realmente importava para ele era estar junto à sua amada e poder auxiliar os moradores de Istambul. Nessa ordem. E que fosse feita a vontade de Allah!
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
ChickLitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...