Capítulo 5

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A ceia noturna foi agradável para todos e Meryem Hatun, voltando aos seus aposentos no pavilhão de hóspedes, na companhia de Sumru, estava feliz e relaxada.

- Eu gostei muito da sultana - iniciou Meryem - ela é uma pessoa muito gentil e simples.

- Aprendi a gostar dela ao longo desses meses - confessou Sumru - Quando ela chegou, fiquei inconformada com o fato dela ser estrangeira e cristã, mas ela me conquistou.

Meryem colocou os braços ao redor dos ombros da amiga. Sabia que Sumru tinha um amor maternal por Metin e sempre sentira ciúmes de seu menino, como gostava de referir-se ao sultão.

- Fiquei impressionada com o afeto que ele demonstra para com ela - continuou a tecelã - e encantada pelo fato de que ele realmente a escuta, respeita e cuida de seu bem-estar.

- Ela faz realmente o que quer - riu Sumru. - Tia Bahar e Mestre Nureddin sofrem para que ela siga as regras da corte e, quando chega o sultão, diz para ela quebrar todas e fazer o que a deixa feliz.

Ambas riram. Metin, desde que chegara à tribo, era assim. Lembraram dos homens ralhando com ele, quando o menino teimava em aprender a tecer e bordar, arrancando-o dos teares e de como ele sempre encontrava um jeito de voltar e como, com o tempo, as mulheres passaram a defendê-lo e serem punidas por isso, até que ele, para evitar tais punições, ia a contragosto aprender "trabalhos de homem".

- Ele não ficará no trono por muito tempo. - Refletiu Meryem. - Assim que deixar alguns projetos bem encaminhados, ele e Clara sultana irão embora de Istambul.

Sumru entristeceu-se com aquela afirmação que sabia ser verdade. Metin tinha todas as condições de ser o melhor governante para o povo do Império, mas enfrentaria muitas barreiras para colocar todos os planos em prática. Assim, era muito provável que após conseguir fazer o que prometera às mulheres, colocasse um dos filhos de seu irmão no trono, com a regência do grão vizir.

- Quando ele partir, todos que o servem em seu pavilhão, inclusive alguns janízaros, iremos com ele, para onde quer que se dirija.

Meryem sorriu. No dia seguinte, no pavilhão de audiências, começariam as discussões para um ampla reforma nas condições de vendas dos artigos têxteis das mais importantes tribos, uma das bases da economia imperial, trazendo o protagonismo feminino para um lugar que era seu por direito.

O SULTÃO E A PRISIONEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora