Capítulo 3

23 2 0
                                    

Ao subir, pela primeira vez, os degraus da ala do príncipe no Topkapi, Clara teve novamente a sensação de pertencer àquele lugar. Ao lado de Metin, de mãos dadas com ele, os olhos admiravam toda a decoração do local: azul como o céu, como o mar que banhava aquela terra estrangeira.

Sumru os acompanhava, reverente, curiosa por mais detalhes sobre a jovem que, com certeza, conquistara o até então indisponível coração de seu senhor. Clara parecia bonita, estava trajada à moda turca, era delicada em seus gestos, com uma postura altiva e digna, mas a criada do filho do sultão notou as mãos machucadas por trabalhos duros.

- Sumru irá cuidar de você minha querida - disse suavemente Metin - Ela precisa de um banho, roupas mais adequadas e muitos vegetais frescos, preparados com os temperos selecionados que lhe abrirão o apetite - agora o príncipe dirigia-se à criada por quem tinha uma grande afeição e confiança, caso contrário, não deixaria Clara aos seus cuidados.

- Ela terá tudo o que precisar e desejar alteza. - tranquilizou-o Sumru.

Clara estava visivelmente triste e contrariada por ter que ficar ali sem Metin. Mas tentou sorrir e ser gentil, tanto por não preocupar o jovem, como para não deixar a criada chateada. Ela apenas queria que ele estivesse com ela.

Antes da audiência com o sultão, o jovem mostrou-lhe os principais aposentos que ela veria naquele dia, enquanto Sumru fazia os preparativos para seu banho.

- Não vou demorar - esse era o plano de Metin - e logo volto para ceiarmos juntos. - Deu-lhe beijos na cabeça, testa e, pela primeira vez, um longo em seus lábios.

Clara sentiu todo o corpo responder àquele toque. Desde que começara a ter mais consciência de tudo à sua volta, voltando a comer e a falar, progressivamente, seu corpo respondia mais e mais aos toques do príncipe. Era uma sensação que começava nos lugares mais íntimos e ia irradiando por toda a sua pele e dentro dela. Gostava de que ele a tocasse e também de tocar naquele corpo forte, mas sentia um certo embaraço em fazê-lo.

Ficou parada alguns minutos, observando-o descer os degraus e se afastar.

- Senhorita, a água está na temperatura adequada para seu banho. Vamos - interrompeu-a Sumru, mas ao ver a indagação no olhar verde, lembrou-se que a jovem não falava seu idioma e apenas fez o sinal para que a acompanhasse.

Ambas dirigiram-se para o quarto do filho do sultão onde uma banheira fora instalada há pouco a pedido do príncipe. O aposento era amplo, iluminado, com pouca mobília, uma enorme cama, um belíssimo tapete, puffs e almofadas lindamente bordadas, fazendo do local um jardim de cores.

Sumru auxiliou Clara a despir-se e percebeu certo constrangimento, além das várias marcas arroxeadas e arranhões em todo seu corpo. A jovem, nua, escondia os seios brancos e redondos com um dos braços, enquanto o outro protegia muito precariamente a visão dos pêlos de sua pelve. Entrou na banheira, com muito cuidado, e mesmo após sentar-se na água tépida parecia tensa.

- Fique tranquila senhorita, vou esfregar seu corpo com cuidado. - informou-a Sumru que começava o banho esfregando-lhe as costas.

Clara sorriu apenas. Não compreendia aquela língua. Pelo contexto da situação, era algo relacionado ao banho. No contato do corpo cansado com aquela água morna e acolhedora, sentiu o peso da viagem e fechou os olhos. 

O SULTÃO E A PRISIONEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora