A caravana seguia firme em direção ao seu destino. As valiosas mercadorias eram guardadas com todo cuidado por Kenan e Sedar que comandavam os outros alps. Tia Sumru e o doutor Cem observavam Metin e Clara em Özgürlük, hábito que nunca deixavam, o de cavalgar juntos, em vários momentos durante o dia.
A manhã estava aberta e fresca, com o Sol ainda aquecendo os dias, mas anunciando que em breve, o inverno chegaria. Mas, não havia com o que se preocupar, pois não estavam distantes.
Aquele grupo não parecia pertencer a uma caravana de mercadores convencional; quem olhasse de perto poderia ver uma diversidade de pessoas que, além de mercadorias, trazia seus próprios objetos pessoais, ferramentas de trabalho e seus mais preciosos objetos.
As artesãs mais hábeis das diferentes tribos da Capadócia escolheram acompanhar Clara e Metin, acostumadas com a justiça da distribuição dos lucros das vendas de seus produtos e com a maneira respeitosa e igualitária com que eram tratadas. Muitos ferreiros, carpinteiros, padeiros também o fizeram, na certeza de que continuariam a ter paz e prosperidade.
Quando deixaram Istambul, entregando as encomendas de mestre Nureddin e tia Bahar, Metin e Clara tinham o coração e a alma leves, prenúncio de que estavam em paz com as escolhas que fizeram. Todos do pavilhão particular de Metin o aguardavam ansiosos para o acompanharem naquela nova fase da vida de seu senhor e amigo.
Todos os principais oficiais do Topkapi, vizires e o grão vizir Hakan, tio de Metin, queriam que ele ficasse e continuasse sua regência designada, enquanto o futuro sultão, ainda uma criança com dez anos, terminasse sua formação. Mas, dessa vez, não conseguiram dissuadir o marido de Clara.
Ele havia cumprido a promessa que fizera à mãe e às mulheres tecelãs: trazê-las para a política comercial do Império e dando-lhes seu apoio para que tivessem autonomia em relação aos comerciantes homens. Construíra casas/escolas para as meninas desamparadas, além de um fundo para que, quando adultas, pudessem ter liberdade de escolha e não se sentissem forçadas a se casarem, por não terem para onde ir.
O antigo harém também era uma escola: para as mulheres nobres, em que podiam aprender sobre diversos assuntos, inclusive a fazer coisas simples da vida cotidiana, e se desejassem, não ficarem totalmente à mercê de cuidados de outros e outras.
Meryem e a mãe do futuro sultão eram as responsáveis pela organização do lugar.
- Você ama o Topkapi - ouviu Clara dos lábios de seu amado, quando recolhiam os últimos objetos do quarto real, tomando entre suas mãos mornas e fortes, as agora morna e delicadas da esposa.
- Eu amo é você. - Clara abraçou-o, jogando as coloridas almofadas novamente no chão. - Você é meu lar. Vivemos lindos momentos aqui e em vários outros lugares. Eu quero conhecer muitos outros ao seu lado, meu sultão.
Ainda abraçados, sentiram os braços do sobrinho de Metin também envolvê-los.
- Tio, me leve com vocês - pediu o futuro sultão, com os olhos marejados.
Metin ajoelhou-se na frente do pequeno, com uma das mãos segurando a de Clara e a outra no rosto do menino.
- Não faltarão oportunidades para você nos acompanhar. Mas, dessa vez, você precisa ficar. Mestre Nureddin, tia Bahar, Engin, tia Meryem e sua mãe estarão aqui para te orientar no que for preciso.
Logo depois, após uma breve despedida, pois tudo o que precisava ser dito e feito, já o fora dias antes, a caravana atravessara o bosque do Topkapi e, mesmo com a parada de Metim em AyaSofia, a caravana seguia, pois sabia que em breve ele os encontraria.
Entraram juntos, ele e Clara, na bela mesquita, a preferida de Metin. Iriam orar, também juntos, por aquela viagem, primeiro ali e logo depois, na mesquita Azul, cada um em sua fé, mas ambos ajoelhados, lado a lado.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
ChickLitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...