Clara observava da janela de seu quarto no Topkapi a linda lua cheia. Durante o dia estudava a língua turca e as fórmulas herbáceas com tia Bahar e mestre Nureddin. À noite, passava grande parte em vigília, chorando e orando para que Deus protegesse Metin da fúria de sua própria família.
Há mais de um mês não recebiam notícias dele ou de suas tropas. O último soldado chegara do Leste com notícias sobre as batalhas que o sultão já vencera e outras que estavam por vir. Um dos filhos do sultão já havia sucumbido ao poder do exército organizado pelo jovem monarca.
Todos à sua volta pareciam felizes com o desenrolar daquela consolidação de reinado, mas Clara sabia que para Metin, aquela campanha era uma verdadeira tortura: a esposa do sultão acreditava que era ela uma das causas dele ter aceito a designação de sultão e declarar guerra aos irmãos.
Implorara para ir com ele, mas ele não permitira. Queria protegê-la, mas a verdadeira proteção era a companhia dele, estar junto dele, onde quer que isso a levasse.
Não conseguia dormir ou se alimentar direito e, por isso, estava com uma aparência doentia. Mestre Nureddin até ralhara com ela dizendo que tal atitude não condizia com uma sultana. Que ela sofria por antecipação por algo que possivelmente nem iria acontecer.
Clara não se sentia sultana. Longe de Metin, as primeiras sensações de familiaridade no Topkapi, partiram com ele.
Tia Bahar era quem mais parecia compreender sua dor. Carinhosa, procurava deixá-la sozinha o mínimo possível, ensinando-a a cuidar do jardim, a conhecer a culinária turca, aprender a etiqueta do palácio e a ficar ainda mais bonita para si mesma.
Mais cedo, naquele dia, após seu encontro diário com o pai de Metin, ela e tia Bahar foram ao Hammam para um banho completo ao estilo turco, com direito a uma depilação especial para a jovem sultana.
- Sua pelve e vulva ficarão livres de pelos como você me pediu.
Clara nunca gostara de tantas pelos em sua região íntima e mesmo a senhora Bahar lhe explicando que eles eram uma proteção natural, a jovem lhe perguntara se havia alguma erva que poderia fazê-los cair.
Após a esposa do mestre espalhar uma mistura de ervas por toda sua intimidade, Clara deitada sob as pedras do Hammam, não conseguiu conter as lágrimas.
- Minha querida tenha fé de que em breve Metin vai voltar para você.
Clara não respondeu. Não queria chorar na frente de ninguém, mas estando as duas mulheres sozinhas, não conseguiu se conter.
A jovem sultana sentou-se na pedra morna e limpou as lágrimas o melhor que pôde. Ela esperava que ele voltasse para ela, mas a falta que sentia de estar junto dele, a estava matando aos poucos.
A senhora Bahar lhe dizia palavras de alento e incentivo todo o tempo, o que não a impedia de preocupar-se todo o tempo também.
Após algumas horas com a mistura herbal, quando a esposa do mestre jogou um balde com água morna sobre o corpo de Clara, foram-se os pelos pubianos.
Metin lhe ensinara a tocar o próprio corpo e conseguir prazer, mas desde que ele partira, não o fizera. Mas, naquela noite, sob a luz do luar, com a pelve e a vulva livres de pelos, explorou com a ponta dos dedos, cada uma das suas partes femininas.
Sentiu o corpo estremecer com um prenúncio de prazer, mas ao mesmo tempo o coração parecia partir-se. Não sabia como ele estava, onde exatamente estava, se fora ferido.
Voltou nua para a cama e enrolando-se em si mesma, chorou até que adormeceu ao despontar dos primeiros raios de sol.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
ChickLitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...