Capítulo 4

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O porão de pedra em nada lembrava a antiga prisão: recebera uma linda porta de madeira que dava acesso ao espaço externo e janelas que o iluminavam, além de várias prateleiras e outros acessórios confeccionados com maestria especialmente com o fim de servir de laboratório para Clara e mestre Cem.

Turgut e Sofia haviam cuidado com capricho e zelo do local e recontratado muitos dos empregados que abandonaram o trabalho devido aos maus tratos do tio de Clara. Agora, com o retorno dela, celeiros cheios com a boa colheita e a chegada de uma caravana com artesãos especialistas nas mais variadas artes, os arredores do povoado estavam certos de que a prosperidade dos anos vindouros estava garantida.

- Desça já daí minha querida - disse mais do que depressa tia Sumru ao ver Clara em cima de um banco, colocando a cortina tecida pelas artesãs, para decorar o novo laboratório.

- Não se preocupe - falou calmamente o pai de Metin - estou atento à segurança de Sekhmet.

Clara sorriu, enquanto, com a ajuda do sogro, descia do banco, mais para não preocupar a tia Sumru, que aflita, não sossegaria enquanto ela não estivesse no solo, do que por si, já que se sentia cada dia melhor e mais disposta.

- Majes... digo, Clara - iniciou mestre Cem que precisava se policiar na presença dela e de Metin, pois esquecia de que ambos, mesmo antes da renúncia de Metin, nunca fizeram questão de serem chamados por títulos - os marceneiros já terminaram o banco especial que lhes pediu. Está no quarto, assim como já instalamos a banheira solicitada pelo sul..., por Metin.

Animada, Clara se despediu de tia Sumru e do pai de Metin para acompanhar, escada acima, mestre Cem. Pretendia fazer ainda naquele dia o banho com ervas aromáticas, sentada no banco cujo assento tinha uma abertura para que, com as ervas contidas na bacia abaixo dele, pudesse beneficiar-se com seus vapores medicinais.

- Por favor, suba as escadas com cuidado. - avisou-a tia Sumru - terminando de colocar as cortinas e olhando significativamente para mestre Cem, agora seu companheiro, para que auxiliasse Clara.

Com mais cuidado, ambos terminaram a subida e, passando pela iluminada e movimentada cozinha, se dirigiram ao quarto particular do casal, no andar superior. Metin conseguira transformá-lo numa réplica do quarto de ambos no Topkapi, com uma vista tão deslumbrante quanto a do pavilhão real.

- Aqui estão as flores e ervas para seu tratamento, majesta... Clara. - informou-lhe tia Sumru que, pegando as mãos de mestre Cem, foi conduzindo ele e os outros homens para fora do quarto, uma vez que era mais do que na hora de deixar Clara descansar.

Ao sentir o aroma da lavanda recém colhida, Clara fechou os olhos e sentou-se em sua cama. Metin chegaria em breve de sua pequena excursão de entrega das vendas dos belíssimos tapetes que lhes traria uma pequena fortuna. O lucro, seria dividido entre todos e todas.

O SULTÃO E A PRISIONEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora