PRÓLOGO

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NINA VACCHIANO

Passo pelo corredores repletos de livros, sinto o cheiro das páginas já velhas e livros desgastados com o tempo, deslizo meus dedos por eles a cada passo que dou, o único lugar que posso andar livremente e me sentir alguém normal fora a mansão onde vivo é aqui na biblioteca municipal de Roma.

Meus irmãos são homens bem importantes nesse país, por isso me tratam com muito cuidado, mais ao ser bem cuidadosos me privam de muitas coisas que eu gostaria de viver, tudo em nome de minha segurança, aliais ser uma Vacchiano não é fácil.

Continuo andando com pensamentos longes até trombar com um homem alto, me fazendo cambalear para o lado, tento me equilibrar e sinto duas mãos me agarrarem antes de cair, olho para ele com intenção de pedir desculpa afinal eu que estava viajando em pensamentos, Tento arrumar minha posição e sinto suas mãos me largarem, mantenho a calma, olho para ele envergonhada me preparando para um possível sermão, quando finalmente nossos olhos se cruzam eu paro, o analiso calmamente e o reconheço, é o mesmo homem do shopping, nunca que esqueceria aqueles olhos azuis.

- ah, me desc..culpa..- falo tomando a iniciativa em pedir desculpas mais falhando miseravelmente ao gaguejar, me amaldiçoou mentalmente por essa vergonha, ele me observa e fecho os olhos tentando me controlar, quando eu os torno abrir o vejo rindo para mim de uma maneira descontraida.

- eu que peço desculpas - diz com o sotaque pesado de seu idioma russo, enquanto me encara, da uma pausa e começar a sorrir - bom, acho que trombar em pessoas é o seu hobby - fala e eu noto que ele se lembrou daquele episódio constrangedor, dou um sorriso singelo e ele continua me olhando mais agora não dá forma de antes mais sim de uma maneira intensa, sinto minhas bochechas esquentarem e posso imaginar que estão vermelhas nesse momento, tento mudar o foco porém meu olhar se direciona apenas a ele.

vejo que está com um terno preto dando um contraste ótimo com sua pele e seu olho, fico encantada por alguns minutos até notar algo estranho.

Ele tá de terno ? Em uma biblioteca?

Quem em sã consciência vem de terno para uma biblioteca, mais tenho que confessar que cai perfeitamente nele.

- Você está bem ? - pergunta ainda sorrindo e percebo que estou a encarando feito uma psicopata.

- no shopping a culpa não foi minha - saiu de meus pensamentos e me defendo automaticamente, ele me encara e começa rir da minha reação, porém mantendo agora uma expressão curiosa, como se quisesse ver onde essa conversa daria.

- então se lembra da nossa primeira trombada? - pergunta com um ar risonho olhando para mim da cabeça aos pés.

Engulo seco com essa tensão, e me arrependo de ter falado, parece que era tudo que ele precisa para puxar um assunto.

- como não me lembrar se meu ombro quase seguiu caminho com você !- digo e ele gargalha do que eu disse, não sei porque foi uma sensação gostosa o ver assim.

- peço perdão a você então- diz em tom de deboche. - vou me manter mais atento na próxima vez.

O olho novamente e percebo que ele ainda me encara, coloco uma mecha de meu cabelo atrás da orelha e ele segue o movimento com o olhar, meu sorriso diminui um pouco assim como o dele, e engulo em seco pela a intensidade que está tendo sobre nós.

Ele já para os lados tentando disfarçar e então olha para o chão, próximo aos meus pés.

- esse livro é seu ? - ele da um leve tossida mudando o assunto, e pergunta logo a seguir o pegando no chão,l analisa e me entrega, percebo que quis corta um pouco o clima estranho que ficou sobre nós.

- ah, sim - o respondo sem ao menos ter notado que um livro havia caído, olho para os lados e estamos a sós em um corredor qualquer no fim da biblioteca, sua iluminação e mais precária que o resto dela, deixando o clima cada vez mais intenso e a sensação do ar escasso,

Tento disfarça o meu olhar vendo o livro que havia derrubado, quando eu olho melhor qual exemplar era coro novamente, vejo que o exemplar que caiu era logo o de romance adulto que eu estava pensando em pegar.

Ele olha para o livro em seguida para minha reação e solta um belo sorriso.

- é bom ? - pergunta e fico sem graça, o apertando em minhas mãos.

- ainda não cheguei a ler - falo dando um passo para trás o vendo dar outro lentamente em minha direção.

- bom - ele diz se aproximando mais de mim - quando você ler - fala quase colocando nossos corpos e eu recuo conforme ele avança- você pode me contar os mínimos detalhes - fala e choco minhas costas na prateleira, respiro fundo buscando um pouco de ar porém ele se aproxima ao lado do meu ouvido me causando um arrepio, engulo seco tentando esconder o que ele causou em mim, mais acho que ele sabe muito bem o poder que tem.

Ele está muito próximo e não consigo manter o meu olhar no dele, tento puxar ar mais parece que meus pulmões não querem funcionar, olho para baixo com vergonha, abrindo um pouco meus lábios, segurando meus 3 livros firmes.

- você fica linda com vergonha - diz sorrindo e sinto sua mão segurar meu queixo de maneira possessiva.

O ar do ambiente parece ter ficado escasso, meu coração palpita de uma forma descontrolada, eu o encaro da mesma forma que ele me olha.

- na verdade você é linda de qualquer jeito - diz aproximando seu rosto do meu e por alguns instantes parece que esqueci como se respira.

Ele se aproxima mais colocando nossos corpos, sua outra mão livre desliza pela minha cintura nós aproximando mais e mais, nosso olhar estão fixos como imãs e minha pele está arrepiada e quente como nunca estive.

Ele desliza sua mão que estava em meu queixo para a nuca, apertando essa região e a cintura simultaneamente, me tirando um pequeno som que me deixou constrangida.

Fecho os olhos sentindo a sensação, sinto o hálito de menta dele próximo ao meu rosto, quando finalmente nossos narizes se colam e acho que vou ser beijada, escuto alguém me chamando.

- Senhorita Nina - um guarda chama se aproximando, por impulso me afasto dele rapidamente tentando controlar as reações do meu corpo, vou em direção do cruzamento de prateleiras que fica bem perto de onde estávamos, quando eu vejo o guarda quase próximo, olho para trás rápido para falar para ele ir embora, porém ele já não está mais lá.

Ele sumiu.

- estávamos te procurando senhorita está tudo bem ? - pergunta me encarando e eu aceno em confirmação com a cabeça.

- seu irmão pediu para levarmos a senhora para casa.

- ook! - digo e sigo na frente sem espera ele falar novamente.

Controlo minha respiração a cada passo que dou, relo em meus braços de uma força que eu veja que esse encontro foi real.

Será que é possível que seja normal nós encontramos em dias tão próximos, será que ele fez isso de propósito ou será que é o destino.

Sobre isso infelizmente ainda não sei, a única coisa que sei, é que ele não sairá tão cedo de meus pensamentos.

O DESEJO DO MAFIOSO - Livro 2 "IRMÃOS VACCHIANO" Onde histórias criam vida. Descubra agora