IRMÃOS

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2 meses antes ...

NINA VACCHIANO

Saiu da academia as sete da manhã como faço em todos os dias.

Como desde criança vivia imitando meus irmãos em tudo que faziam perto de mim, criei o hábito de acordar bem cedo.

Pego a toalha de rosto, e seco meu suor pós treino, como não posso sair muito, a não ser acompanhada por meus irmãos tento me distrair o máximo possível com o que tenho ao meu alcance na mansão.

Dou passos lentos e preguiçosos até me aproximar da sala de jantar que é onde eu sei que Dora está.

- bom dia ! - digo carinhosa entrando no cômodo e vejo Dora arrumando a mesa de café da manhã.

- bom dia minha menina - fala carinhosa e vem para meu lado me abraçando - dormiu bem ?- pergunta e da um beijo na minha testa.

- sim muito bem ! - falo sorrindo e seu sorriso aumenta - ah Dora estou suada - falo sorrindo tentando sair de seus braços - você vai ficar suada também.

- como se eu ligasse né minha menina - fala me liberando de seu abraço de urso. - quer comer o que agora ? - diz me mostrando várias opções sobre a mesa, como fazia quando eu era criança.

- acho que vou tomar um banho agora - digo fazendo careta e ela me olha rindo.

- coma antes, deve estar faminta, depois você já toma um banho e faz seus afazeres...

- Desde quando Nina não está com fome Dora- nos assustamos e olhamos para o lado, para ver quem havia dito aquilo, e como já imaginávamos Luca entra destilando seu humor matinal diário - não sei de um dia que Nina recusou algo que desse para digerir - diz rindo passando a mão pelo o cabelo e fecho a cara.

- você não tinha que estar trabalhando - falo de forma despreocupada e ele ri.

- para estressar minha querida irmãzinha sempre estarei disponível - diz e lança um beijo no ar em minha direção.

Dora começa a rir das patifarias dele e eu fecho a cara.

- viu Dora, ninguém aqui me ama - fala apontando para mim e indo em direção dela - apenas você claro - fala para ela e a abraça, ela tenta disfarçar a cara de riso mais falha miseravelmente - já disse que você tinha que se casar comigo seríamos muito felizes - dispara e ela gargalha batendo em seu braço.

- sossega menino - fala e estamos todos rindo dele. - vai comer - diz apontando para a mesa - fiz seu bolo de chocolate.

- obrigada amore mio - diz indo em direção da mesa e se sentando - bom aqui infelizmente ninguém aprecia um bom senso de humor - diz fingindo uma expressão chateada, enquanto se serve de cereais.

Escutamos um barulho na porta e olhamos por impulso, dessa vez meu irmão mais velho Ettore Vacchiano passa por ela.

Ele entra centrado como sempre, com uma expressão parcial e sua postura impecável. Meus irmãos são completamente os opostos, Ettore sempre foi o sério, reservado e responsável em tempo integral, já Luca era o descontraído, divertido, bom um palhaço ambulante, tinha seus momentos sérios, mais sabia pondera bastante com os divertidos.

- bom dia a todos - ele fala firme e o respondemos em coro.

Ele se senta e se serve de tudo que vai comer pela manhã em completo silêncio.

Desde quando escolheu sua noiva ele se afastou mais ainda, como se agora a responsabilidade fosse aumentar e ele tivesse que dar conta de tudo sozinho.

- você pode me dar uma carona para o trabalho - Luca pergunta de repente a Ettore enquanto joga um cereal para o alto, caindo em sua boca.

- o que ? - Ettore pergunta novamente incrédulo, com uma sombrancelha levantada.

- nossa irmãzinho tem que procurar um médico - fala tranquilamente zombando- isso está acontecendo com uma certa frequência - ri e não consigo segurar minha risada, Ettore fecha a cara e continua a comer - perguntei se podia me dar carona - fala normal e sei que ele não vai gostar, já é a quarta vez nesse mês que Luca consegue perder seu carro, em rolo com mulheres - Nina como chama o médico dos ouvidos.? - pergunta mudando totalmente o assunto.

- que? - pergunto não sabendo mais o que ele tá falando.

- meu Deus outra - fala passando as mãos pelos rosto - será que é de família - pergunta fingindo preocupação e Ettore bufa - eu sei o nome - coça o queixo - como éh? ah lembrei - fala sorrindo - otorrinolaringologista - ele diz normalmente e depois para, fica imóvel, eu e meu irmão olhamos ele parado igual estátua, ficando preocupados quando vamos falar com ele para esboçar uma reação ele simplesmente ri - caralho eu sou muito bom - se gaba por ter conseguido lembra o extenso nome e reviro os olhos.

- sério Ettore ele é adotado não é? - pergunto e vejo ele rir pela primeira vez hoje.

- me faço essa pergunta todos os dias Nina - meu irmão mais velho fala e rimos, olho de canto de olhos para Luca que tem nesse momento um bico maior que os estresses matinais que me causa.

- eu sei quando não valorizam minha presença - diz de forma dramática, voltando a comer seu cereal.

- porque quer carona ? - Ettore corta o drama dele - cadê seu carro.

- ah eu tive que deixar ele em um lugar - diz rindo sem graça - e não posso buscar tão cedo - fala rindo e observo.

- porque ? - pergunto e ele me encara.

- você não pode saber tem só dezoito anos - diz e reviro os olhos.

- eu já tenho idade suficiente - falo e ele me encara indignado - e todos aqui sabe que é porque você saiu com alguma mulher casada...

- você ouviu isso ETTORE ? - me corta perguntando para meu irmão que coloca as mãos sobre o rosto.- você ouviu ela - continua falando.

- Luca já sou adulta...

- lá lá lá lá lá - ele começa a cantar com os dedos no ouvido da eu o olho indignada.

- parece que a criança é ele - falo para Ettore ainda indignada e aponto para Luca.

- Meu Deus, eu só queria um café da manhã normal - Ettore resmunga e não consigo segurar o riso.

Um silêncio brusco brota na sala com a reação de Ettore e Luca se aproxima lentamente de mim.

- acho que o estressamos - diz sussurrando para mim.

- você que começou - falo e ele abre a boca com indignação.

- Eu ? - fala e sorrio concordando - você já foi mais legal garotinha - diz e mostro a lingua, quando íamos começar a discussão novamente, meus irmão mais velho bate seu copo de uma forma para nós calar.

- vocês dois - Ettore fala e nós o encaramos - chega ! Vamos comer em silêncio - diz e calamos tentando não rir - quero um minuto sem gracinha, de paz! - paramos e nos entre-olhamos.

Ficamos o resto do café da manhã no silencio que ele tanto queria, durante a refeição ri algumas vezes vendo Luca fazer caretas para Ettore, ele era um caos, mais um caos bom, que fazia todos os dias nos sentirmos uma família normal, não mafiosos temidos e inalcançáveis, mais apenas um família qualquer.

O DESEJO DO MAFIOSO - Livro 2 "IRMÃOS VACCHIANO" Onde histórias criam vida. Descubra agora