HEITOR FONTINELLY-TRILOGIA IRMANDADE III (Concluído)

Capítulo 5

Capítulo dedicado à SoninhaSantos8 pelo seu aniversário. Deus abençoe a sua vida grandemente, meu bem😍❤🤗

O pior sentimento que se pode ter de alguém, pelo menos no meu ponto de vista, é o de pena. Tanto pelos outros ao seu redor, como de si mesmo. Ficar se torturando, numa auto piedade inflamada, pensando que ficar alimentando isso irá resolver alguma coisa, é a maior ilusão que se pode ter. Auto piedade não nos leva a porra nenhuma!

O que verdadeiramente faz erguer-nos é a vontade que se tem de estar melhor, se ser cada dia melhor e quando isso entra em sua cabeça, não há quem possa tirar. No entanto, isso só acontece com quem reconhece o próprio valor. Quem conhece as lutas diárias que enfrenta todos os dias para se tornar melhor e assim evoluir.

Eu não cheguei ao posto de capo Fontinelly aos dezoito anos de idade, mesmo com meu pai ainda vivo, porque ele me mimava. Apesar de admitir que como pai, ele foi, e é, o melhor que pude ter e tenho para mim, nunca me aliviou em nada relacionado à organização. Quem conhece o Don Vittorio, sabe que de mole nem a água era. Eu tive que ver, ouvir e fazer muitas coisas, para chegar aonde cheguei. E em tudo que passei, foi meu esforço que me fez manter a firmeza.

Fui tratado por ele tal qual tratou os seus outros soldados que conosco estavam em treinamento, sem fazer acepção nenhuma porque isso era justiça no seu ponto de vista. E realmente era, já que não se poder dar regalias a quem um dia terá de lidar com tudo e todos sozinho.

Passei fome e sede por minhas fraquezas, mas dei-lhe orgulho por minha coragem. Quando fui batizado nos termos da máfia, com todos os olhares em cima de mim, vi meu pai se orgulhar do primogênito herdeiro e seus olhos em minha direção é o que trago até hoje em minhas lembranças e isso me faz manter o foco daquilo que quero.

Por esse motivo, ver-me hoje na condição em que estou, sem poder sequer ajudar a pessoa que sinto ser tão importante para mim me deixa muito irritado. Sinto-me um inútil e tudo que tenho é ódio e vontade de tirar a pele desses dois filhos da puta que estão falando e tratando Manuela como se ela fosse uma garota qualquer. E minha não é!

- Eu acho melhor vocês darem o fora! - Falo num tom ameno, pois vejo que Manu está com os olhos presos no chão, evitando o contato visual. Seus braços estão sobre suas coxas e seus dedos finos dedilham a própria perna e sei que é uma forma de tentar dissipar o nervoso que deve estar sentindo. Até porque sua respiração é bem lenta.

- Heitor, podemos ir? - Sua voz baixinha ressoa no ambiente. Manuela se ergue do banco, parando a minha frente, de costas para ele. - Por favor!

-Vamos sim, meu bem! Venha. - Viro a cadeira para sair, mas os homens continuam.

- Gostosa! Porra! -Um dos miseráveis diz bem alto, chamando a atenção de alguns passantes.

- O que uma mulher dessa está fazendo com um cara que nem deve usar o próprio pau para mijar direito, imagina para dar prazer? - Suas palavras me causam uma ira do caralho. Quem esse desgraçado pensa que é para ofender a minha menina dessa forma? Sim, Manuela é minha! E qualquer um que lhe causar mal vai se ver comigo.